Lula acusa França de ‘falta de sensibilidade’ por não ratificar pacto UE-Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou nesta sexta-feira (6) a França de “falta de sensibilidade” por ainda não ter ratificado o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul e insistiu em pressionar o presidente francês, Emmanuel Macron, para que dê sinal verde ao acordo em um prazo de seis meses. “Há uma falta de sensibilidade, de interesse, por parte dos produtores franceses”, declarou Lula, no encerramento do fórum empresarial franco-brasileiro realizado nesta sexta-feira no Hotel Intercontinental, em Paris.

O presidente pediu à França que tenha “abertura suficiente” para validar um pacto que, segundo ele, “vai surpreender muito” porque aqueles que o criticam “vão descobrir que os setores agrícolas (das duas regiões) são complementares”.

“Por que não posso comprar um frango brasileiro em um dia e um frango francês no outro?”, perguntou Lula, para quem o acordo UE-Mercosul seria “uma demonstração para aqueles que querem derrotar o multilateralismo”.

“O mundo não quer ter um xerife, o mundo não tem dono, cada país é soberano e faz o que bem entende”, destacou.

Por essa razão, Lula, que se referiu ao presidente francês como “companheiro Macron”, insistiu que o projeto de livre-comércio entre os blocos europeu e sul-americano “é um acordo que o mundo precisa, em um momento único para fortalecer as relações políticas, comerciais, diplomáticas e culturais” que abrangeriam 700 milhões de pessoas. “Eu disse a Macron que antes de eu deixar a presidência (itinerante do Mercosul, até dezembro) que se prepare, porque vamos assinar o acordo UE-Mercosul”, afirmou Lula, que mais uma vez pediu ao presidente francês que abra seu “coração”.

“Vou aproveitar a amizade que tenho com Macron e vou ligar para ele toda semana e dizer: ‘Macron, meu amigo, meu parceiro, nós vamos fazer o acordo’”, acrescentou.

Ele voltou a criticar o funcionamento das Nações Unidas, que ele considera pouco representativa da geopolítica mundial por não incluir potências emergentes como Brasil, Índia e Nigéria entre os membros permanentes do Conselho de Segurança. “A ONU criou o Estado de Israel em 1947, por que não cria o Estado da Palestina agora?”, perguntou o presidente.

Amante do futebol, Lula deu o exemplo da recente vitória do Paris Saint Germain na Liga dos Campeões da UEFA como “a importância de jogar em equipe” e não apenas individualmente. “A vitória do PSG nos ensina que na política não há saída mágica. Eu me lembro que quando o PSG contratou Messi e Neymar e já tinha Mbappé, eles fizeram isso para ganhar a Liga dos Campeões e não conseguiram. Os 11 de agora (no PSG) ganham menos do que Mbappé, Messi e Neymar juntos”, enfatizou.

Com sua participação na cerimônia de encerramento, Lula, de 79 anos, encerrou uma agenda movimentada em Paris, que na quinta-feira (5) incluiu um encontro com Macron no Palácio do Eliseu, um jantar de gala no palácio presidencial, uma visita à prefeitura de Paris e uma homenagem na Academia Francesa de Letras.

Nesta sexta-feira, Lula recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Paris 8; inaugurou, junto com Macron, a exposição “Nosso Barco Tambor Terra”, do artista brasileiro Ernesto Neto; liderou uma cerimônia que oficializou o Brasil como país livre da febre aftosa; e participou da cerimônia de encerramento do fórum econômico. Nesse intervalo, ele teve tempo de tirar uma selfie com sua esposa Janj Lula da Silva ao lado do casal Macron, Emmanuel e Brigitte, com a Torre Eiffel como pano de fundo, iluminada com as cores verde e amarela da bandeira brasileira. Lula também recebeu do presidente francês uma camisa do Paris Saint-Germain, recente vencedor da Liga dos Campeões.

Depois de Paris, o presidente viaja para Nice no sábado (7) para participar de um fórum sobre a economia azul que está sendo realizado na vizinha Mônaco em conexão com a Cúpula dos Oceanos da ONU, na qual o presidente brasileiro falará na sessão de abertura na segunda-feira.

Lula encerrará sua viagem de cinco dias à França na segunda-feira com uma visita a Lyon, sede da Interpol, cujo atual secretário-geral é o brasileiro Valdecy Urquiza.

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