Em um discurso marcado por provocações e defesa da competitividade brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (27) que deseja o crescimento do agronegócio nacional para “causar raiva em deputado francês”. A declaração foi dada durante um evento da indústria, no qual o presidente também abordou questões internacionais, como o acordo Mercosul-União Europeia, e estratégias para ampliar as parcerias comerciais do Brasil.
Crítica ao protecionismo francês
Lula não poupou críticas ao governo francês, conhecido pela resistência à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia. O presidente foi direto ao afirmar que a França “não apita mais nada” no processo, destacando que a Comissão Europeia tem autonomia para firmar o pacto.
“A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já sinalizou que vai assinar o acordo. Não será a França que vai impedir o avanço dessa parceria tão importante para o Mercosul e a União Europeia”, afirmou Lula.
As tensões entre o Brasil e a França vêm crescendo devido a declarações de parlamentares franceses, que questionam a qualidade da carne brasileira e os impactos ambientais do agronegócio nacional. Uma fala emblemática foi a de um deputado francês que afirmou: “A realidade é que nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo.” Em resposta, Lula defendeu o setor agropecuário brasileiro, apontando-o como um exemplo global de inovação e eficiência.
O agronegócio como símbolo de tecnologia e trabalho
Durante o evento, Lula destacou os avanços tecnológicos do agronegócio brasileiro, enfatizando o investimento em pesquisa e desenvolvimento no setor.
“Há muita tecnologia num grão de milho e soja. Nosso setor de carnes, tanto bovina quanto de frango, é resultado de décadas de trabalho em genética e inovação”, ressaltou.
O presidente também elogiou o agro como um exemplo de setor produtivo capaz de ensinar outros mercados, consolidando o Brasil como um grande exportador de alimentos e tecnologia agrícola.
Novos mercados e parcerias internacionais
Além da defesa do agronegócio, Lula reforçou sua estratégia de diversificação comercial. Ele revelou planos de ampliar negócios com a Índia, levando uma delegação de empresários brasileiros ao país para prospectar oportunidades e recepcionando investidores indianos interessados no Brasil.
O presidente também mencionou a importância de parcerias estratégicas com a China, destacando o impacto da chegada de montadoras chinesas, como BYD e GWM, no mercado brasileiro. “Essas empresas fizeram com que a indústria automobilística americana e europeia anunciassem R$ 130 bilhões em novos investimentos no Brasil”, pontuou.
Investimento americano em declínio
Lula também mencionou os Estados Unidos em seu discurso, afirmando que não busca confrontos, mas ressaltando a necessidade de proteger os interesses soberanos do Brasil. Ele destacou que o investimento americano no país caiu nos últimos anos e defendeu o fortalecimento de parcerias com mercados emergentes como uma resposta a essa realidade.
“Não importa se o presidente dos Estados Unidos é Joe Biden ou Donald Trump. O que importa são os interesses legítimos de cada país e as convergências que podemos alcançar”, disse Lula.
Acordo Mercosul-União Europeia: um divisor de águas
O acordo Mercosul-União Europeia, em negociação há mais de duas décadas, promete abrir mercados e fortalecer laços comerciais entre os blocos. Para o Brasil, isso significa maior competitividade para produtos agrícolas e maior acesso a mercados europeus.
Por outro lado, a resistência francesa continua sendo um desafio. Lula acredita que o acordo será assinado ainda este ano, reafirmando a importância de superar as barreiras protecionistas que dificultam a expansão do agronegócio brasileiro.
Com declarações provocativas e um discurso que enfatiza a força do agronegócio brasileiro, Lula reafirmou o papel estratégico do setor para o crescimento econômico e a projeção internacional do Brasil.
Entre as tensões com a França e a busca por novos mercados, o presidente demonstra que sua aposta está na diversificação comercial e na inovação tecnológica como pilares para consolidar o país como uma potência global no agronegócio. A assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, caso confirmada, será um marco nesse processo.