A inflação dos alimentos é vista pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), como um problema de “má condução da macroeconomia no Brasil”. Além disso, o líder da bancada ruralista não vê uma alternativa a curto prazo, a menos que haja um indicativo por parte do Executivo.
“Enquanto não resolverem dar credibilidade para a equipe econômica ou tomar alguma iniciativa que demonstre algum ponto positivo em relação à condução da economia para o mercado, não [tem alternativa]. Mercado é risco. Banco não vai pagar risco de ninguém. […] O cenário a longo prazo é extremamente preocupante”, afirmou Lupion aos jornalistas após a reunião-almoço da FPA, nesta terça-feira, 11.
O deputado também isentou de responsabilidade os produtores rurais brasileiros. “Isso não tem absolutamente nenhum reflexo direto no ganho do produtor rural. Ele [produtor rural] não sente nada positivo numa alta de alimentos. Esse valor a mais não vai cair [no orçamento dele]”, analisou. Lupion ainda complementou pontuando que os efeitos são sentidos no custo de produção e logística, que também subiram.
“A gente sabe de onde vem a responsabilidade da alta de alimentos. Vem de uma política macroeconômica completamente falha, que não consegue resolver a questão de juros, não consegue resolver o câmbio, não gera confiança no mercado, e a inflação subindo a cada dia”, afirmou o líder da bancada ruralista.
Nesta terça, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) apresentou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, referente ao mês de janeiro. O resultado mostrou que o IPCA ficou em 0,16%, menor taxa para o mês de janeiro desde 1994. No entanto, o grupo dos alimentos teve o quinto mês de aumento consecutivo, fechando em 0,96%. Cenoura, tomate e café moído foram os principais alimentos com alta registrada.
SRB encaminha sugestões para baratear alimentos
Na semana passada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou que era preciso dialogar com o setor produtivo para encontrar soluções ao problema da alta dos preços dos alimentos. Nesta semana, a Sociedade Rural Brasileira encaminhou uma carta à Presidência da República, à Vice-Presidência da República, ao Ministério da Fazenda, ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
O documento pondera que ao menos três grupos de fatores afetam os preços dos alimentos: custo de produção, intermediários e logística; e fatores externos. A entidade apresenta algumas sugestões de medidas que podem ser tomadas para diminuir os efeitos desses agentes. E elenca quatro propostas:
Controle fiscal, o que envolve a redução dos gastos do governo e também medidas para conter a inflação. Isso passaria por uma valorização do Real e a redução da taxa de juros;
Apoio ao produtor rural, no qual o governo estimula a produção com crédito e seguro rural, além de criar políticas voltadas à redução dos custos de produção e a regulamentação da Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA);
Infraestrutura agrícola. Essa ação estaria relacionada a desburocratização dos licenciamentos ambientais em projetos de infraestrutura pelo país. Além disso, melhorar a questão da armazenagem e retomar programas como o extinto Empréstimo do Governo Federal (EGF) para estimular a armazenagem de produtos em momentos de baixa, para evitar vendas abaixo do custo de produção;
Estabilidade cambial, que seria fortalecer o Real frente ao dólar, para diminuir o impacto do câmbio nos insumos.