Senador defende que o estado tem papel estratégico na rota do tráfico internacional e cobra ação conjunta das forças de segurança.
O senador Marcio Bittar (PL-AC) protocolou nesta semana cinco requerimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, pedindo que o Acre seja incluído nas investigações sobre o avanço das facções criminosas no país. Segundo o parlamentar, o estado tem um papel estratégico na rota do tráfico internacional de drogas e armamentos, por fazer fronteira com Peru e Bolívia, dois dos maiores produtores de cocaína do mundo.
Entre os convidados para prestar depoimento estão o procurador-geral de Justiça do Acre, Danilo Lovisaro, o secretário de Justiça e Segurança Pública, coronel José Américo Gaia, o ex-titular da pasta, coronel Paulo Cézar dos Santos, o superintendente da Polícia Federal no estado, Carlos Rocha Sanches, e o ex-integrante do Bope e especialista em segurança pública Rodrigo Pimentel.
Instalada oficialmente em 4 de novembro, a CPI do Crime Organizado tem prazo de 120 dias para apresentar seu relatório final. O colegiado é presidido pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), com Hamilton Mourão (Republicanos-RS) na vice-presidência e Alessandro Vieira (MDB-SE) como relator. A comissão investiga a estrutura, o financiamento e a infiltração das facções e milícias em órgãos públicos, além do uso de fintechs e criptomoedas para lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas e armas nas fronteiras.
De acordo com relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o Acre tem registrado disputas territoriais entre o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), que tentam controlar rotas do tráfico e aumentar sua influência nas comunidades locais. O senador alerta que a escalada da violência nessas regiões exige respostas coordenadas entre estados e União.
Os requerimentos apresentados por Bittar têm como objetivo reunir informações sobre estratégias de policiamento, rotas ilegais e cooperação institucional entre as forças de segurança, especialmente nas áreas de fronteira. A expectativa é que as primeiras oitivas ocorram no dia 18 de novembro, embora o cronograma possa ser ajustado por conta da participação do presidente da CPI na COP30, em Belém (PA).
Para o senador, é hora de repensar o modelo de combate ao crime organizado no país.
“O objetivo não é apenas identificar falhas, mas construir um novo modelo de cooperação nacional no combate às facções. A situação do Acre mostra que o problema é de fronteira, mas tem reflexos em todo o Brasil”, declarou Bittar.



