Medo de invasão e combate ao MST geram apoio do agronegócio a Bolsonaro

A possibilidade de ter armas na fazenda e a preocupação com a invasão de terras são dois dos principais motivos citados por lideranças rurais para manterem o apoio a uma possível candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lideranças nacionais do agronegócio ouvidas pela Folha entre abril e maio também apontam como um de seus principais méritos a manutenção da ex-ministra Tereza Cristina (PP-MS) na pasta da Agricultura.

A defesa dos valores da família também é um ponto citado pelos que dizem apoiá-lo, embora a aprovação ao governo federal venha sendo afetada pelo atraso na liberação de recursos para o Plano Safra deste ano.

O corolário de argumentos favoráveis a Bolsonaro entre os 12 líderes do agro ouvidos – a maioria na condição de anonimato – inclui o combate ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a defesa da exploração de terra em áreas protegidas na região Norte do país – como terras indígenas – e a possibilidade de manter o trabalho agropecuário durante a pandemia, que, de acordo com eles, teria evitado uma inflação ainda mais alta no país.

A inflação atingiu 12,13% no acumulado em 12 meses até abril, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), maior nível desde outubro de 2003, quando alcançou 13,98%.

“O armamento foi essencial. Está em fazenda e não pode se proteger? Agora não, você pode se proteger. Fazenda tem muito produto caro, principalmente defensivos agrícolas, que são de mais fácil comercialização. Com esse armamento, e muito bem feito, não é qualquer um, isso nos deu mais tranquilidade de defender nossa área, o patrimônio do produtor rural. São várias coisas que levaram o agropecuarista a ter uma visão boa do presidente”, disse Rivaldo Machado Borges Júnior, presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), organizadora da Expozebu, em Uberaba, no Triângulo Mineiro.

Na abertura da feira pecuária, Borges Júnior não conseguiu fazer seu discurso, já que o público presente – grupos bolsonaristas convocados por redes sociais – pedia que Bolsonaro falasse.

O discurso não lido de Borges Júnior continha muitos trechos semelhantes a argumentos de pecuaristas ouvidos pela reportagem na feira mineira.

“Temos a obrigação de, neste momento, em que os olhos do mundo se voltam aqui para a Expozebu, na presença de tão importantes meios de comunicação, defender, com vigor, a liberdade e a democracia. Somos brasileiros, com orgulho. Somos verde e amarelo. Não podemos esquecer isso. Não podemos, em nenhum momento, colocar em risco a soberania do povo. É inadmissível que de forma velada e silenciosa tentem pregar o comunismo. Somos espectadores do fracasso de países que se desarmaram e foram invadidos, bombardeados”, dizia trecho do discurso.

Entre os presentes ao evento em Uberaba, o pecuarista mineiro João Carlos Peixoto disse que no agro as famílias vivem juntas no campo e que Bolsonaro tem essa visão de união. “Entregar a titulação de terras, como tem feito, acabou com invasões dos sem-terra. Ele valorizou isso de um lado e, do outro, permitiu termos meios de nos defender”.

Em quase três anos e meio de mandato, Bolsonaro intensificou ação iniciada por Michel Temer (MDB) e transformou o programa de reforma agrária no país, ao entregar 337 mil títulos a assentados, um recorde, numa política comandada por ruralistas. Bolsonaro tem respondido ao apoio com visitas frequentes às feiras agrícolas realizados na retomada deste ano.

Da redação Diário do Acre, Por Marcelo Toledo, da Folhapress

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