Melhora na logística de transporte ajudaria Brasil a exportar mais grãos

Aprimorar a logística de commodities aumenta a competitividade do Brasil no mercado externo e reduz a diferença de custos entre o que as empresas brasileiras enviam ao exterior e o que os EUA envia pelo Golfo do México.

Segundo a consultoria hEDGEPoint, investimentos feitos nos últimos anos pelo governo e iniciativa privada já fizeram a diferença entre as duas rotas caírem US$ 100 por tonelada, comparado a 2010, e o Brasil tem potencial para reduzir ainda mais essa diferença no transporte de grãos.

Melhorar a logística de commodities também é importante para reduzir as perdas decorrentes do transporte rodoviário. Indica-se que 1,17% da produção de soja e 1,27% da de milho são perdidas nos caminhões, devido a estradas não pavimentadas ou precárias, segundo levantamento da Esalq/USP. Isso se traduz em um prejuízo estimado de R$ 5 bilhões por safra.

“Com disparidades regionais, elevada produção de grãos e fatores climáticos instáveis, torna-se essencial diversificar a malha de transportes. Essa é uma necessidade urgente para tornar o Brasil ainda mais competitivo no mercado externo”, diz a consultoria em relatório.

Dados do Observatório Nacional de Transporte e Logística (ONTL) evidenciam que o transporte de cargas no Brasil é distribuído da seguinte forma:

  • Rodoviário: 67,61%;
  • Ferroviário: 21,46%;
  • Cabotagem: 7,96%;
  • Hidroviário: 1,48%;
  • Dutoviário: 1,42%.

Ainda que a participação das ferrovias seja baixa, mais de 45% das commodities agrícolas exportadas são transportadas por essa via. Para a hEDGEpoint, a problemática se intensifica quando se observa as disparidades entre as malhas ferroviária e rodoviária dos estados localizados no Norte comparados aos estados no Sul.

“Embora a produção de grãos tenha praticamente triplicado nos últimos anos no Norte do país, as exportações desses grãos ainda são dependentes dos portos no Sul-Sudeste, a exemplo de Paranaguá e Santos”, alerta a consultoria.

Entre as principais iniciativas do momento para reduzir o problema, há a conclusão da Ferrovia Norte-Sul. Com quase 2,3 mil quilômetros de extensão, o projeto conecta quatro das cinco regiões do país (Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste). A partir de agora, três Estados sem saída para o litoral (Goiás, Tocantins e Minas Gerais) podem escoar sua produção de grãos através da ferrovia.

“Com isso, ganha-se redução nos custos do transporte de commodities, pois distâncias são encurtadas, gerando também maior economia de escala. Vale lembrar que um único comboio ferroviário carrega cerca de 1 mil toneladas de soja, quantidade de carga que exigiria 30 caminhões para transporte em rodovia”, afirma o texto.

As cargas transportadas por trilhos em 2023 devem chegar a 27 milhões de toneladas, aumento expressivo comparado ao total de 2 milhões de toneladas de dez anos atrás. “O impulso econômico em logística e infraestrutura é o maior trunfo da Ferrovia Norte-Sul.”

No caso das hidrovias, o governo federal anunciou quase R$ 50 milhões para obras de drenagem em rios estratégicos. De janeiro a maio deste ano, o fluxo de cargas em embarcações que navegam pelos rios chegou a 51,2 milhões de toneladas. É o melhor resultado da série histórica para os cinco primeiros meses do ano e equivale a uma alta de 6,53%, na comparação com 2022.

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