Mesmo diante de retração econômica global, CEOs do agro estão otimistas para 2023

O ritmo econômico mundial em 2023 deve desacelerar. É o que pensam 82% dos C-levels do agronegócio brasileiro, uma reversão de expectativa em relação ao ano passado. Porém, os executivos do setor apostam no próprio país e estão otimistas em relação à produção agrícola nacional.

É o que mostra a 26ª Global CEO Survey, pesquisa foi realizada pela PwC Research, hub global de excelência em pesquisa e serviços de consultoria.

A pesquisa inédita mostra que 78% dos CEOs do agronegócio estão extremamente confiantes com o crescimento da receita de suas empresas nos próximos 12 meses. Se olham o triênio, este índice de confiabilidade chega a 70%.

“A pesquisa anterior era muito mais otimista, nesta existe uma perspectiva de retração motivada por questões de inflação, conflitos geopolíticos, questões envolvendo cadeias de abastecimento, mudança climática para os próximos 12 meses. Isso trouxe insegurança, mas os CEOs brasileiros entendem que há capacidade de crescimento durante o ano”, explicou à Globo Rural o sócio e líder da área de Agribusiness da PwC, Maurício Moraes.

Mercado mundial

A guerra entre Rússia e Ucrânia evidenciou a necessidade de o Brasil não depender de um ou poucos mercados para importar fertilizantes, o que se reflete na pesquisa, quando diante da volatilidade do mercado mundial, os executivos apontam estar contendo gastos com custos operacionais e buscando fornecedores alternativos.

Em resposta às pressões econômicas de curto prazo, os CEOs do agronegócio dizem que estão tomando medidas principalmente para cortar custos e aumentar preços. Cerca de 60% dos respondentes já estão mapeando outros fornecedores, enquanto 68% já reduziram custos operacionais.

A diversificação de produtos foi uma alternativa adotada por 40% dos executivos, enquanto que o aumento dos preços agrícolas foi a solução encontrada por 43%. As contratações em empresas do setor foram congeladas em 23% no Brasil.

Transição energética e descarbonização

Moraes avalia que, entre as tendências que motivarão os investimentos para este e para os próximos cinco anos está a transição energética e a substituição por matrizes mais limpas e ecológicas, assim como a agenda da redução de emissão de carbono.

De acordo com o levantamento, 38% dos executivos afirmam que já concluíram a implementação de ações para reduzir a emissão de carbono, enquanto em 43% dos casos está em andamento.

Ao tratar do preço interno de carbono na tomada de decisões, o número é mais tímido: 13% já fizeram alguma iniciativa e 13% estão sendo implementadas, ao revés de 40% que ainda não pensou no assunto.

“Cada vez mais, percebemos que o consumidor está olhando para como as organizações estão tratando o meio ambiente, de como é o processo produtivo, por isso a importância de se trabalhar o ESG dentro da companhia para que haja uma conexão entre estratégias e ação sustentáveis. O tema que mais está em pauta é a descarbonização e é o grande desafio dos CEOs hoje de ter que investir em algo para daqui dez anos, pensando no futuro”, opina o especialista.

No país, 43% dos CEOs estão ou irão desacelerar os investimentos para este ano. Moraes entende que há um desafio das empresas em investirem este ano, já que a opinião dos executivos é de cautela e no agronegócio há fatores de instabilidade, como o clima, por isso há uma corrida para adequar o mais rápido possível a cadeira produtiva às boas práticas de otimização ambiental.

“O agro é muito impactado por questões climáticas, por isso um tema importante para ser trabalhado pelos CEOs é a transição energética, que já vinha sendo apurado, antes mesmo da realização da pesquisa. As companhias estão querendo saber para investir”, acrescentou Moraes.

Agenda equilibrada

Para tentar equalizar o freio nos investimentos com a adesão de teconologia e inovação no campo, CEOs apontaram o trabalho colaborativo com universidades, startups, associações e até empresas concorrentes como uma solução para ficar de olho nas tendências, cumprindo a agenda socioambiental. As estratégias de ESG (Ambiental, Sustentabilidade e Governança – tradução em português) são um exemplo.

“Nossa experiência no desenvolvimento e aplicação de estratégias ESG mostra que as organizações são mais capazes de gerar lucro e ao mesmo tempo exercer impacto social positivo quando encaram a construção de parcerias e ecossistemas com rigor e profundidade. Os CEOs precisam vincular suas organizações a uma identidade e uma área de foco ESG antes de formalizarem seu compromisso”, afirma o relatório.

Dados gerais

A pesquisa envolveu mais de 4.400 executivos, em 105 países, com uma participação recorde de líderes do Brasil. O objetivo foi mapear as perspectivas dos CEOs sobre crescimento, ameaças, prioridades estratégicas e investimento de diversos setores, entre eles o agronegócio.

No Brasil e no mundo, 73% dos CEOs acreditam que a economia global sofrerá uma desaceleração nos próximos 12 meses, ao passo que uma parte importante dos respondentes prevê que suas economias locais terão trajetória contrária e também acredita no crescimento da receita de suas empresas, especialmente os brasileiros.

Da redação do Diário do Acre, com informações de Isadora Camargo, da Redação Globo Rural

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