Seis jogos foram premiados em diferentes categorias. Vencedores das principais categorias participarão de delegação para a Gamescom na Alemanha
Por José Elias Rodolfo, da Agência Collab na Headscon Acre 2025
A Headscon Acre 2025 encerrou nesta quinta-feira (20) um dos momentos mais aguardados da programação: a premiação oficial da Mostra Competitiva de Games da Amazônia Legal. Participaram dez projetos selecionados da região Norte.
Os vencedores [veja abaixo] das principais categorias ganharam vagas em delegações oficiais para a Gamescom 2026 na Alemanha e para a Gamescom Latam, além de troféus e ajudas de custo.
Organizada pelo Instituto Gamecon, a mostra destacou jogos criados no Acre, Amazonas, Pará, Amapá e Maranhão, reforçando o compromisso do evento em promover talentos regionais e fortalecer a economia criativa no ecossistema gamer da Amazônia Legal.
Os vencedores
Melhor Jogo (Júri Técnico)

Catventure: The Curse of the Dark Tower
Retrocat Studios (PA)
Representado por Edson Silva da Costa, desenvolvido ao longo de quase dois anos pelo solodev por trás do estúdio. O roguelike top-down mergulha o jogador na torre de um vampiro, guiando o gato arqueiro Ryu por ondas de inimigos, poderes especiais e desafios progressivos.
Construído no motor GameMaker, o projeto nasceu como um sonho de infância do desenvolvedor e ganhou força com a estética medieval, pixel art marcante e gameplay que exige precisão, estratégia e domínio das mecânicas para alcançar o topo da masmorra.
Melhor Jogo (Escolha do Público)

Carbon-0
Moonlight Games (AC)
Representado por André Lucas Lima Siqueira, é um puzzle narrativo sobre crimes ambientais, greenwashing e utopias que desmoronam. A aventura acompanha os irmãos Ícaro e Maria em uma investigação que revela segredos sombrios por trás de um mundo aparentemente perfeito.
Com lançamento previsto para março de 2026, o jogo nasceu em uma gamejam da edição passada da Headscon e já marcou presença na Gamescom Latam 2025, consolidando Moonlight Games como uma das vozes emergentes do Acre no desenvolvimento independente.
Melhor Arte
Trio Adventures
Fase 9 Studios (PA)
Assinado por Eudes Rocha Fernandes, é um projeto autoral de ação e plataforma 2D criado ao longo de cinco anos por dois hobbistas dedicados. Com personagens carismáticos, narrativa leve e direção de arte que mistura referências a Super Meat Boy, Rayman e estética cartoon, o jogo conquistou público e crítica desde 2019, quando foi finalista no SBGames.
Depois de circular pelo PixelShow 2025, ganhou versão para Nintendo Switch pela Game Nacional e se prepara para lançar sua edição definitiva na Steam.
Melhor Áudio
Tatola Adventures
CoTI Studios (AM)
Representado por Julieth Louise Figueiredo de Souza, apresenta uma trilha sonora original marcante e efeitos que ampliam a ambientação da aventura. Protagonizado por um tatu-bola, animal brasileiro ameaçado pela perda de habitat, o jogo mistura plataforma 2D, puzzles e ação em pixel art enquanto o personagem busca sobreviver após invasores incendiarem sua floresta.
Criado no motor Godot pelo solodev DenhoSena, o projeto cresce em comunidade com diários de desenvolvimento no Instagram e YouTube do estúdio.
Melhor Demo/Protótipo
Brew & Dash
Boitatá Game Studio (AP)
Representado por Luiz Matheus (Yris), é um protótipo que combina plataforma 2D, corrida infinita e cenários procedurais. Inspirado em referências como Donkey Kong Country (fases dos vagões) e o mini-game Junimo Kart de Stardew Valley, o projeto equilibra estética cartoon com pixel art e propõe coletar moedas e ingredientes enquanto o jogador foge de criaturas e supera desafios.
Criado por uma equipe de três pessoas, o jogo destaca-se pela fluidez, carisma visual e potencial de expansão.
Melhor Temática Amazônia Legal
Lendas da Amazônia
Woylle Masaki da Costa (PA)
Desenvolvido pelo solodev com recursos da Lei Paulo Gustavo, utiliza elementos culturais paraenses para construir ambientações, personagens e narrativas inspiradas nos encantados amazônicos. Em plataforma 2.5D e com influências de Little Nightmares, o jogo desafia o jogador a recuperar muiraquitãs enquanto encontra criaturas como Mapinguari, Matinta Pereira, Boto, Rasga-Mortalha e Curupira.
Criado no Blender e lançado em 2024, o projeto já circulou por Retrocon e PixelShow e avança agora para sua versão final na Steam.
Descentralização da indústria
A Mostra Competitiva é parte da estratégia da Headscon de descentralizar o desenvolvimento de jogos no Brasil, conectando criadores da Amazônia Legal a oportunidades nacionais e internacionais.
Além dos vencedores, todos os dez selecionados receberão vídeos oficiais de apresentação no Instagram da Headscon, ampliando a visibilidade dos projetos e oferecendo material de apoio para networking, portfólios e futuras oportunidades no setor.
Os finalistas desta edição foram: Tatola Adventures (AM), Lendas da Amazônia (PA), Reforest (AC), Trio Adventures (PA), South Star River (AC), Catventure (PA), Brew & Dash (AP), CEO Simulator (AC), Boat Survivor (MA) e Carbon-0 (AC).
Durante a mostra, o público teve acesso a estações de gameplay, pôde conversar diretamente com os criadores e votou em seus favoritos no estande dedicado ao Júri Popular. Além do destaque técnico, a edição reforçou o papel da região como um polo emergente, com experiências que vão de jogos autorais a projetos com forte impacto social, ambiental e cultural.
Com passagens, ingressos e suporte viabilizados pelo evento, os vencedores agora se preparam para representar a Amazônia Legal na Alemanha e na Gamescom Latam. Para lá, eles levam consigo narrativas, mecânicas e estéticas que nascem em territórios entrelaçados por diversidade, floresta, memória e tecnologia.
A cerimônia de encerramento consolidou não apenas a vitória dos premiados, mas a potência criativa de todos os finalistas que transformaram o espaço da Mostra em uma celebração de inovação regional.



