Numa ponta está o cidadão comum. Um homem com calos nas mãos, suor na testa e leite para tirar às 4 da manhã. Na outra, uma burocracia com viatura zero, colete camuflado e um manual do ICMBio debaixo do braço. No meio, o Brasil real, aquele que a elite ambientalista finge que não existe.
As imagens que vieram de Xapuri neste fim de semana não são chocantes pela brutalidade física. São piores: são chocantes pela indiferença. Famílias intimidadas. Gente simples obrigada a abandonar o que construiu com décadas de esforço, em nome de um fetiche estatal.
Josenildo Mesquita é o nome de um desses brasileiros invisíveis. Trocou um pedaço de terra, botou 160 animais no pasto, levanta de madrugada para tirar leite e vende 60 litros por dia. Isso é crime agora? Sim, segundo os senhores da moral verde.
“Você não tem mais nada aqui”, ouviu ele de um fiscal. “Tudo é do governo.” É isso. A frase que resume o Brasil de 2025. O sujeito que trabalha é expulso de casa enquanto ongueiro recebe verba pública para contar papagaio.
A esposa chorando. Os filhos sem rumo. E a faculdade da filha, paga com dinheiro do leite tirado na unha, agora depende do humor de uma autoridade ambiental com curso de sensibilização climática feito na Noruega.
A imprensa noticiou. Uns fingem que não viram. As ONGs, sempre tão sensíveis às borboletas, não derramaram uma lágrima.
Enquanto isso, helicópteros sobrevoam a floresta como se estivéssemos numa operação de guerra. Mas a guerra, ao que tudo indica, é contra quem produz. Contra o cidadão que planta, cria, vende e paga imposto. Contra quem sustenta a família sem pedir nada ao Estado, além do direito de viver em paz.
O protesto veio, claro. Bloquearam a estrada. Foi pacífico, civilizado, feito por gente que só quer ser ouvida. Mas o que os moradores pedem, no fundo, é simples demais para Brasília entender: querem o direito de existir.
Querem trabalhar. Só isso. Não pedem crédito subsidiado. Não pedem isenção. Não pedem cesta básica. Querem uma coisa revolucionária: que o governo pare de atrapalhar.
Mas aí está o ponto. O Brasil de hoje não suporta gente que não depende dele. O sujeito independente é perigoso. Ele não vota como mandam. Ele não chora na mão do Estado. Ele tem opinião própria e vaca no curral. Por isso precisa ser contido.
A pergunta que resta é: até quando?