O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um artigo no jornal norte-americano Washington Post, nesta segunda-feira, 8, em que caracterizou o ato de 8 de janeiro de 2023 como “tentativa de golpe”. A opinião do petista foi publicada na data em que os protestos feitos em boa parte do país completam um ano.

Em Brasília, grupos de manifestantes invadiram os prédios públicos localizados na Praça dos Três Poderes: a sede do Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

O chefe do Executivo ainda afirmou que os “grupos extremistas” foram “movidos pela mentira e pela desinformação”. Nessa toada, Lula comparou os atos do 8 de janeiro com a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.

Para Lula, a “tentativa de golpe” do 8 de janeiro não abalou a democracia

Segundo Lula, a “tentativa de golpe falhou”, pois não foi aceita pela sociedade brasileira. O líder petista ressaltou que o Congresso, o STF e o Poder Executivo se esforçaram para “esclarecer os fatos e responsabilizar os invasores”.

Contudo, apesar das 185 câmeras de segurança do Ministério da Justiça, o futuro ministro do Supremo Flávio Dino – até então, ministro da Justiça –, entregou as imagens de apenas quatro delas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. A informação foi confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

No episódio de um ano atrás, o ministro do STF Alexandre de Moraes condenou mais de 250 manifestantes. O grupo foi inserido em um dos inquéritos no Supremo.

Além disso, cerca de 30 pessoas já foram condenadas a penas que chegam a 17 anos. As sessões, que inicialmente ocorreram no plenário físico, acabaram transferidas para o virtual, sem transmissão da TV Justiça. Nesse formato, os ministros apenas depositaram os seus votos, sem garantias de que as sustentações orais dos advogados são assistidas pelos juízes do STF. Ainda há 66 presos na Colmeia e Papuda.

Em 20 de novembro, um dos manifestantes detidos, Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, morreu dentro da Papuda. Ele tinha comorbidades.

Segundo Lula, o desmatamento caiu em 50%

No artigo para o Washington Post, o líder petista mencionou que “o desmatamento na Amazônia, que estava aumentando no governo anterior, caiu 50% em 2023”.

No entanto, dados divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que 291 km² foram desmatados na Amazônia Legal em fevereiro de 2023. É o maior alerta de desmatamento já registrado para o mês de toda a série histórica, iniciada em 2015, segundo o órgão.

Na comparação com fevereiro de 2022, o crescimento das áreas desmatadas foi de quase 50%. Ainda, na região do cerrado brasileiro, de janeiro a março, a destruição do bioma foi recorde, chegando a quase 1,4 mil km².

O petista ainda se mostrou preocupado com a ascensão da inteligência artificial. Lula afirmou, no artigo, que a IA, além de “agravar a desinformação”, pode “promover a discriminação, causar desemprego e violar direitos”.

O presidente brasileiro citou o fato de que o risco de “erosão da democracia” vem da interação digital entre os usuários. Ainda, o petista colocou a responsabilidade dos “conteúdos inflamatórios” às big techs.

Segundo ele, os meios digitais foram concebidos para o “lucro”, e não para a “coexistência democrática”.

Lula também afirmou que o “extremismo e a polarização política” são resultados da “desigualdade”. Por fim, completou que os Estados possuem a capacidade de sustentar a democracia e “enfrentar as desigualdades estruturais”.