O agronegócio representa cerca de 25% do PIB do Brasil. Portanto, sozinho o setor equivale a um quarto da economia brasileira, chamando a atenção de investidores interessados em aproveitar o sucesso para obter lucros. Mas como investir no agronegócio? Quais as opções existentes no mercado para quem tem esse objetivo?
Para responder a essa pergunta, a Inteligência Financeira conversou com Lucas Eduardo Tereska, líder de operações da Manchester Investimentos; e Moacir Ferreira Teixeira, sócio fundador da Ecoagro.
Teixeira explica que, nos últimos anos, se criaram novas formas de financiamento do agronegócio, que carecia de recursos para manter e expandir as suas atividades. “O agro é o motor da economia brasileira e isso não tem mais retorno. Mas o governo não tem como financiar esse crescimento e por isso aumenta a dependência do capital privado”, afirma.
O que é LCA
A Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) é um título de renda fixa emitido por instituições financeiras. O recurso oriundo das LCAs é utilizado para financiar projetos do agronegócio, mas no final do dia trata-se principalmente de um ativo financeiro que está voltado para o setor.
Uma das grandes vantagens desse fato é que o LCA tem FGC, ou seja, conta com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos em até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira para o recurso investido. “Para quem quer começar a investir no agronegócio é a opção mais segura que existe”, diz Moacir Teixeira.
Lucas Tereska explica que, por ser um título emitido pelos bancos, o mais importante é olhar para a instituição financeira em questão. “O que vai importar é a saúde do banco e não do setor. No final, você está olhando para o crédito do banco”, diz.
A LCA usualmente rende em torno de 90% do CDI. Portanto, com a taxa básica de juros em 12,75% ao ano, isso representa cerca de 11,39% ao ano. A vantagem da LCA é ser isenta de Imposto de Renda, o que torna a rentabilidade líquida do investimento bastante atrativa. Em geral, há um prazo mínimo de aplicação de cerca de 90 dias.
Como funciona o CRA
Uma segunda alternativa são os Certificados de Recebíveis do Agronegócio, os CRAs. Os títulos são emitidos por securitizadoras com base em recebíveis do agronegócio. Na prática, como explica reportagem da Inteligência Financeira, investir em CRAs é financiar empréstimos envolvidos no agronegócio.
“Quando você compra o CRA ou uma debênture, de certa forma você está emprestando dinheiro para a empresa. O maior risco é a empresa ter um problema e não conseguir pagar a dívida que ela assumiu”, explica Lucas Tereska.
O especialista explica que é importante saber que quanto maior a rentabilidade, maior também será o risco. “Não tem almoço grátis. Se a empresa está pagando mais é porque existe um risco maior”, afirma o líder de operações da Manchester Investimentos.
Moacir Teixeira pondera que o CRA pode ser não o ativo ideal para investidores iniciantes. O importante é sempre observar o perfil de investidor e a tolerância individual ao risco.
Como investir no agronegócio pelos Fiagros
Os Fundos de Investimento das Cadeiras Agroindustriais são conhecidos como Fiagros. Eles são fundos de investimento criados tendo como inspiração os fundos imobiliários. Os especialistas explicam que se trata de um produto relativamente novo mas que vem ganhando espaço na carteira dos brasileiros.
Se você se assustou com os riscos dos CRAs, os Fiagros também contemplam, assim como os FIIs, a modalidade de “fundos de papel”. São fundos de investimento que aplicam em títulos do agronegócio, como os CRAs e as LCAs.
Há também, em menor expressão, os FIPs (fundos de investimento em participações), que investem em participações em empresas e até em propriedades rurais. E os FIDC (fundo de investimento de direitos creditórios), de recebíveis de atividades agroindustriais.
Levantamento exclusivo publicado pela Inteligência Financeira listou os 10 Fiagros mais rentáveis, com taxas de retorno que chegam a até 27,20% em um ano. Confira todos os fundos atualmente listados no site da B3.
Moacir Teixeira cita que essa “deve ser uma das principais fontes de financiamento do setor nos próximos dez anos”. A empresa que dirige faz a gestão de um fundo, que passou de 613 a mais de 7 mil investidores em dois anos. O especialista afirma que os principais fatores a serem observados pelo investidor são a tese de investimento e a rentabilidade passada (que, lembre-se, não é garantia de futuro).
Como investir no agronegócio em ações
Parte das empresas listadas na bolsa de valores tem exposição ao agronegócio. Para reunir as ações de agronegócio e monitorar o desempenho do setor, a B3 criou em 2022 o Índice Agro Free Float Setorial (IAGRO B3). De acordo com a B3, o índice considera o valor de mercado e a ponderação da exposição ao setor.
Quanto mais a empresa estiver envolvida desde a etapa primária do agronegócio, maior é a participação dela no IAGRO. Neste ano, o índice subiu cerca de 5,64%.