O ambientalismo como bandeira conservadora

Acostumamo-nos, aqui no Acre, a aceitar que só os partidos de esquerda estavam legitimados a falar sobre ambientalismo. Ao longo desses últimos 30 anos, apenas o Partido dos Trabalhadores – PT e seus aliados socialistas empunhavam essa bandeira. 

Os demais partidos se limitaram a criticar as propostas ambientalistas que o partido acima levantava. Davam-se conta de que o projeto dos ambientalistas acreanos não deu certo – a Florestania – mas, não ousavam imiscuírem-se na discussão, achando que o tema era monopólio da esquerda. Também não tinham propostas relativamente à questão ambiental. 

Estavam certos? Evidente que não! O ambientalismo não é monopólio da esquerda. 

No Brasil, o Partido Verde foi criado nos anos 80 e foram seus fundadores Fernando Gabeira, Lúcia Veríssimo, Alfredo Sirkis. Lucélia Santos, Carlos Minc, John Nesching, Whasington Rio Branco, Luiz Alberto Py e Guido Gelli. Gabeira chegou a ser candidato a Governador do Rio de Janeiro pelo partido. Minc se elegeu deputado pela legenda. 

Seus fundadores incluíram em seu programa a legalização do casamento homossexual e descriminalização do aborto e das drogas. Com a entrada de Marina Silva no |Partido, pelo qual disputou a presidência da República, esses temas polêmicos deveriam ser submetidos a um plebiscito. É o que Marina continua defendendo. As bandeiras são claras. São bandeiras de esquerda (socialistas).  

Fernando Gabeira e outros membros fundadores do Partido Verde, terminaram por sair da agremiação e ingressarem no PT e outros do mesmo viés  ideológico. Marina fez o caminho inverso. Era do PT, depois se filiou ao PV,  saindo para fundar a Rede Sustentabilidade, cujo programa também tem essa preocupação ambientalista de esquerda. 

O livro “Filosofia Verde”, com o subtítulo “Como Pensar Seriamente o Planeta”, do escritor conservador inglês, Roger Scruton bem aborda a questão.   No prefácio Scruton diz qual é o propósito de sua obra: “Neste livro, desenvolvo um olhar alternativo para os problemas ambientais  que está, espero, em concordância com a natureza humana e com a filosofia conservadora que brota das rotinas diárias. Não ofereço soluções detalhadas a problemas específicos. Em vez disso, proponho uma perspectiva dos problemas, de modo que sejam vistos como nossos e que possamos começar a resolvê-los, valendo-nos de nosso equipamento moral”. 

Ora, os liberais conservadores do Acre não ficarão alheios, inertes diante dos problemas ambientais. Não vamos ficar de braços cruzados. Sobre o meio ambiente lançaremos nosso olhar conservador. Diga-se de passagem, que teremos maior legitimidade para propor soluções para os problemas ambientais do que os que até hoje se arvoraram em cuidar do meio ambiente do Acre, sob a bandeira da “Florestania”. O resultado foi desastroso. O Estado se atrasou do ponto de vista econômico e humano. Os resultados dos cuidados ambientais são pífios. Especialmente no que diz respeito ao saneamento básico  dos municípios acreanos. 

Em primeiro lugar, diferentemente dos partidos de esquerda que se arvoraram em cuidar do meio ambiente no Estado do Acre, sob a ótica conservadora,  a questão não ficará adstrita apenas ao Estado. O meio ambiente é um problema de todos. Seguiremos o balizamento de Scruton: “Proponho que as questões ambientais sejam enfrentadas por todos, na esfera das circunstâncias diárias, para que não sejam confiscadas pelo Estado”.  Aqui no Acre só agências governamentais estão autorizadas a tratarem das questões ambientais. 

Como socialistas, os “Verdes”, que acreditam na distribuição igualitária das riquezas,   vêm os capitalistas como os grandes responsáveis pela degradação do meio ambiente. Scruton constata isso no manifesto deles: “…o manifesto do Partido Verde de 1989 detecta os “falsos deuses do mercado, ganância, consumismo e crescimento” e diz que “um governo dos Verdes substituiria esses falsos deuses por trabalho solidário, autossuficiência, distribuição igualitária e parcimônia”. 

Nossa visão liberal conservadora é, diametralmente oposta. Acreditamos que o ambientalismo deve ser visto e cuidado sob a ótica de uma sociedade aberta.  Livre. Na concepção e linha de pensamento  de Scruton: “Liberdade individual pressupõe liberdade econômica, e esta, por sua vez, implica a liberdade de explorar os recursos naturais para fins financeiros”.   O projeto “Florestania” fracassou porque garroteou a liberdade individual. A liberdade de exploração dos nossos recursos naturais. Nenhuma sociedade, historicamente,  se desenvolveu, sem explorar seus recursos naturais. 

O ambientalismo não tem futuro sob uma visão socialista/comunista – o que aconteceu com o ambientalismo no Acre – porque não se deu sob o pálio de uma economia de livre mercado. Aqui,  tudo está regulado – não pelo mercado – mas, como dito, pelas agências reguladoras de uma Estado controlador. Centralizador. Eis porque fora de uma economia de mercado não há futuro para o ambientalismo na visão de Scruton: “Livre-se da economia de mercado e teremos, como resultado, empresas tão grandes e destrutivas que, por estarem nas mãos dos governos, não estão no entanto sujeitas aos poderes soberanos que limitam suas atividades predatórias”. Exemplifique. Se uma empresa estatal do governo estivesse degradando o meio ambiente, seria investigada? Penalizada? Claro que não! As instituições fiscalizadoras estão controladas. 

À guisa de conclusão. Só num estado liberal democrático existe plena liberdade para que as instituições funcionem no sentido de manter hígido o meio ambiente. 

Valdir Perazzo e Fernando Lage durante a visita do presidente Jair Bolsonari (PL) ao Acre.

Valdir Perazzo é advogado e Fernando Lage é Senador da República (Suplente).

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