A 2ª edição do Fórum Internacional de Sustentabilidade Agroambiental acontecerá entre os dias 1º e 3 de outubro no Riocentro.
O RIO+AGRO deste ano reunirá representantes de mais de 15 países e especialistas para debater os desafios e as oportunidades no Brasil e no mundo, especialmente no Cinturão Tropical. Esta região, localizada entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, é crucial para a agricultura global, pois produz diversos alimentos e abriga florestas importantes que ajudam a absorver CO₂ e regulam as chuvas.
Nos três dias do fórum, serão discutidos temas como o papel da produção agropecuária e agroindustrial no Cinturão Tropical como garantia de segurança alimentar global frente às mudanças climáticas; Ciência e Política – A união necessária para o desenvolvimento agroambiental sustentável; e Negócios e Mercados – Cenários, tendências e desafios para a próxima década.
O Mundo Agro conversou com Carlos Favoreto, presidente do RIO+AGRO – Fórum Internacional do Desenvolvimento Agroambiental Sustentável.
Mundo Agro: O que podemos esperar do fórum nesta edição?
Carlos Favoreto: A expectativa é enorme, pois estamos triplicando de tamanho e teremos condições de abrigar mais participantes e expositores para discutir, de forma convergente, as ciências agrárias com as ciências ambientais.
Mundo Agro: O que falta para o Brasil se tornar a maior potência agroambiental do mundo?
Carlos Favoreto: Nós já somos. O maior problema é que comunicamos muito mal as nossas conquistas. Temos a melhor empresa de pesquisa em agropecuária do planeta, a EMBRAPA, mas poucos sabem que nossa produção vem de técnicas sustentáveis, ao contrário do que se imagina, tanto no mercado interno quanto externo. Portanto, um fórum como o RIO+AGRO vem justamente para preencher essa lacuna e potencializar essa comunicação, mostrando ao mundo que nossa produção agrícola respeita o meio ambiente.
Mundo Agro: Qual a importância de unir os países e povos do cinturão tropical em torno da segurança alimentar?
Carlos Favoreto: Até hoje, a alimentação mundial vem dos países de clima temperado. No entanto, com a previsão de aumento da população mundial, será necessária uma mudança geográfica dessa produção agrícola para os países de clima tropical e subtropical, a fim de garantir a segurança alimentar global. Isso se deve, em grande parte, ao clima e ao espaço territorial disponíveis para absorver o aumento das necessidades alimentares e evitar problemas graves relacionados à fome.
Mundo Agro: O que podemos esperar das discussões com os países participantes em relação às políticas públicas e iniciativas privadas para a descarbonização da economia nacional e global?
Carlos Favoreto: Estarão presentes representantes globais que apresentarão o que há de mais moderno em relação à segurança alimentar, hídrica e energética. O tema da descarbonização estará, sem dúvida, presente, como foi no primeiro RIO+AGRO. Teremos exemplos de casos de sucesso que certamente servirão como base para o estabelecimento de políticas públicas.
Mundo Agro: O que é o RIO+AGRO para você?
Carlos Favoreto: É um movimento consciente e pragmático sobre o tema agroambiental, onde queremos mostrar ao mundo que é possível, sim, produzir alimentos em grandes escalas e em vários ciclos ao longo do ano, sem causar impactos ambientais negativos, integrando de forma convergente as ciências agrárias e ambientais.
Mundo Agro: Qual é o maior desafio agroambiental que o país e o mundo enfrentam agora? E qual será o maior desafio daqui a 20 anos?
Carlos Favoreto: Hoje, e para os próximos anos, o maior desafio será produzir alimentos suficientes para alimentar a população mundial crescente, garantindo a segurança alimentar e, ao mesmo tempo, preservando o meio ambiente. Isso é possível, desde que se adotem técnicas agroambientais no sistema, como, por exemplo, a ILPF (Integração Lavoura, Pecuária e Floresta), técnica desenvolvida pela EMBRAPA e já em prática.
Mundo Agro: Ao final do fórum, será elaborada uma carta com propostas de posicionamento do setor, que será entregue na COP 30, que acontecerá um mês depois. É possível adiantar o que deve constar nessa carta?
Carlos Favoreto: Basicamente, iremos propor que o mundo olhe para a agricultura tropical (Cinturão Tropical), que envolve países de diferentes classes sociais e econômicas, como o grande palco para a alimentação do planeta nos próximos 50 anos!