O corpo diplomático da família Brito esperou Lampião

Em meados dos anos 90 eu estava em Brasília. Durante 03 (três) anos tive um cargo na Quarta Secretaria do Senado da República, indicado por meu amigo e então Senador de Rondônia,  Ernandes Amorim, do Partido Progressista (PP).

Durante esses três anos frequentei a casa do meu amigo Dr. Rossini Corrêa, que foi meu colega do Curso de Direito na Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Chegamos a fazer dois trabalhos em parceria. Com Dr. Rossini, talentoso escritor, em co-autoria, escrevemos os livros “O Bloco Bolivariano e a Globalização da Solidariedade” e os “Da Itália para o Brasil: Os Perazzo em Pernambuco”.

Na época frequentava a casa de Dr. Rossini Corrêa o Dr. Guilherme Brito. Ambos se conheceram em São Luiz, no Estado do Maranhão. Lá foram contemporâneos de juventude. Dr. Guilherme Brito ficou de me apresentar uma fotografia de Luiz Nobre. Luiz Nobre foi vítima de um homicídio na Vila de Bom Jesus, hoje cidade de Tuparetama.

A verdade é que não tive acesso à fotografia de Luiz Nobre nesses últimos quase 30 (trinta) anos. Em 1998 mudei-me para o Acre e perdi o contato com Dr. Guilherme Brito que se comprometera em fazer chegar às minhas mãos a dita fotografia. Já nem acreditava mais que pudesse ter acesso ao documento histórico.

Voltei a me lembrar de Luiz Nobre faz uns 05 (cinco) ou 06 (seis) anos quando li o livro de Dr. Yoni Sampaio sobre o “Inglês da Volta”. Yonino referido livro relata como ocorreu o crime de homicídio do qual foi vítima Luiz Nobre, fruto da violência que imperava no Sertão do Pajéu – era uma região infestada de bandidos – nos anos 30 do século passado.

Cometo um equívoco. Antes mesmo de ler o livro de Yoni Sampaio (O Inglês da Volta), cheguei a fazer um requerimento ao Presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco para ter acesso ao processo crime no qual figurou como vítima de homicídio Luiz Nobre. Não me recordo do teor do despacho. Mas, a verdade é que não obtive sucesso para conhecer os fatos de como se deu o homicídio.

Não me lembro dos detalhes. Mas, meu pai Walfredo Leite de Souza relatava que meu avô Argemiro de Souza Leite, temeroso de uma vingança, chegou a pedir a Luiz Nobre que não entrasse na Vila de Bom Jesus. Ele tinha a intuição de que poderia haver uma vingança, contra Luiz Nobre, pela morte em 1925, de Argemiro Leite Sobrinho. O crime de que foi vítima Luiz Nobre deu-se em 1937.

Em seu livro sobre o “Inglês da Volta”, da narrativa de Yoni Sampaio chega-se à conclusão de que Luiz Nobre foi uma vítima inocente. Sua morte teria sido uma decorrência dos ódios existentes naqueles anos em que havia muita violência na micro Região do Pajéu, provocada pela mentalidade típica do “cangaço”.

A verdade é que esse crime de que foi vítima Luiz Nobre me provocava (e ainda me causa) um profundo sentimento de compaixão. O crime anterior que suscitou essa vingança também me provoca compaixão. Especialmente quando vou ao cemitério de Tuparetama e visito o túmulo de Argemiro Leite Sobrinho (o sobrinho é uma homenagem ao meu avô), assassinado aos 25 (vinte e cinco) anos de idade.

Pois bem. Faz duas semanas em que recebi as visitas de meus primos Argemiro Leite e George Leite. George me deu a informação de que tinha a fotografia de Luiz Nobre. O pensamento de ter acesso ao documento se reacendeu. Pedi que George me mandasse a fotografia pelo aplicativo do whatsapp. Promessa cumprida. Recebi a fotografia.

Luiz Nobre (empregado de Arcelino de Brito que também consta no documento) foi fotografado em meio aos seus parentes da família Brito de Ipojuca. É o terceiro do grupo familiar, em que todos estão armados de rifles “papo amarelo”.

A fotografia me trouxe a memória  uma informação que obtive do Dr. Rossini Corrêa,  que por sua vez havia recebido de Theopompo Siqueira Brito. Lampião ameaçou invadir a terra da família Brito (Ipojuca). O líder da família Brito (acho que Theopompo) mandou o seguinte recado para Lampião: “venha que o corpo diplomático da família está lhe esperando”.

Pois sim. Depois que vi a fotografia que George Leite me enviou cheguei à conclusão que o corpo diplomático da família Brito, com o qual o não quis se encontrar (Lampião não foi a Ipojuca como ameaçou)  era o que consta da fotografia que me foi enviada por meu parente acima citado.

Entrementes, a fotografia ainda me trouxe outra importante informação. Abaixo dela constam os nomes dos integrantes do corpo diplomático da família Brito. Muitos deles se assinam também por “Siqueira”. Inclusive o líder Theopompo.

Concluo que muitos descendentes do Inglês da Volta descendiam do meu tetra avô Francisco Miguel de Siqueira, de algum dos seus irmãos (eram oito), ou ainda de irmãos de sua mãe Antônia Cunha de Siqueira.  Pode ser objeto de uma pesquisa genealógica.

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