Toda a obra socioeconômica de interpretação do Acre, a partir dos anos 70 do século passado – é o que nos parece – foi feita sob inspiração do marxismo. Sobre o Governo Dantas já pesquisamos alguns trabalhos de conclusão de curso de graduação e de mestrado. Sem exceção! Todos os autores dessas obras fazem críticas ao modelo capitalista adotado naquele período de governo.
Leandro Tocantins, em seu livro “Seringueiros e Seringalistas”, citando Euclides da Cunha, diz que o trabalho do seringueiro se dá nas condições mais desumanas que o homem pôde conceber.
Da monografia citada do professor Adalberto Ferreira da Silva, sobre a condição de escravo do seringueiro da Amazônia, extraio este pequeno excerto: “Além disso, a exploração a que durante muito tempo foi submetido o seringueiro levou-o a uma situação de miséria absoluta, impedindo-o de abandonar a região por não dispor de recursos para custear as despesas com passagens, sua e da sua família, na viagem de retorno ao Nordeste. Pode-se admitir que, em alguns casos, a prisão pela dívida tenha funcionado aí, mais uma vez, com os patrões proibindo a saída…”. O seringueiro vivia em condição de miséria absoluta, escravizado por uma dívida impagável.
Ao invés do que dizem os autores que interpretam o capitalismo implantado pelo Governo Dantas, criando uma economia Agropastoril, incentivando fazendeiros do Centro-Sul do país para se estabelecerem no Acre, visando incorporar a economia acreana à economia Nacional, no escopo de exportar pelo Oceano Pacífico, atraindo capitais para realização de obras modernizadoras da capital e do interior, motivou os seringueiros para deixarem os seringais falidos, libertando-os do jugo abjeto em que se encontravam, mesmo que, nos primeiros momentos, tivessem que ocupar a periferia da cidade. Porém, com perspectiva de evolução, o que não teriam no seringal.
Francisco Wanderley Dantas apesar de difamado e caluniado de ter sido o algoz do seringueiro, expulsando-o da terra, foi, na realidade, seu benfeitor, à medida que, implantou no Acre o capitalismo libertador (não esquecer: o capitalismo liberta e o comunismo escraviza), o mesmo que já havia libertado os servos da gleba com a Revolução Industrial.
Valdir Perazzo é advogado e Fernando Lage é Senador da República (Suplente).