O agro é protagonista da economia brasileira. A produção agropecuária nacional em parceria com o elo agroindustrial construiu nos últimos 50 anos uma jornada vitoriosa.
Alavancado por Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sobretudo pela inteligência da Embrapa, que resultou em novas tecnologias, talento e empreendedorismo do produtor rural e políticas públicas, em particular de crédito, o agro fez o Brasil mudar de patamar.
Saltamos de país importador para exportador de alimentos, de commodities a itens de elevado valor agregado, sem, em nenhum período, deixar de assegurar o abastecimento interno.
Nosso modelo de agricultura tropical, ancorado em boas práticas, avança em uma afinada aliança entre produção de alimentos, fibras e energia limpa a partir de bases agrícolas.
Cadeias produtivas vem se industrializando, gerando oportunidades, emprego e renda, efeitos positivos que naturalmente se ramificam nas regiões produtoras, promovendo desenvolvimento socioeconômico. Exceções existem, como em tudo, mas o formato já se provou vencedor na prática.
Com condições adequadas de financiamento e intercâmbio tecnológico, o agro brasileiro pode servir de exemplo para ser replicado em outros lugares, que apresentam características similares — como a África.
Nessa agenda, ganham destaque inovações relacionadas ao uso cada vez maior de bioinsumos, de modalidades como a Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), a expansão da digitalização no campo e o rejuvenescimento da classe produtora.
É crucial lembrar uma vez mais que o setor produtivo não admite o desmatamento ilegal. O que se faz aqui em termos de produção em acordo com o meio ambiente, sem falar no Código Florestal, que traz dispositivos de proteção e conservação singulares, não encontra paralelo mundial. Falta o alinhamento global de métricas de sustentabilidade, que considerem as particularidades da agricultura dos trópicos.
Porém, mesmo nessa sequência de conquistas, o agro ainda tem problemas de imagem e reputação. Fortalezas como volume, diversidade e qualidade contrapõem-se a fraquezas no imaginário da opinião pública de que o setor pretere o mercado doméstico ao internacional, ou cresce às custas do meio ambiente e de subsídios.
Essas percepções negativas precisam ser incessantemente refutadas, e esse papel cabe primordialmente às entidades e lideranças do setor, que não podem confundir a representação de um segmento com escolhas político-partidárias. Só assim venceremos desafios relacionados à infraestrutura, seguro rural, apoio à pesquisa, entre outros. Meu partido é o agro.
Cesario Ramalho é produtor rural, coordenador do Conselho do Agro da Associação Comercial de São Paulo e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira.




