Parlamentares criticam importação de arroz pelo governo Lula: ‘desrespeito’ e ‘abuso de poder político’

A decisão do governo Lula de autorizar a importação de 1 milhão de toneladas de arroz para vender em mercados brasileiros com um rótulo próprio gerou críticas de parlamentares do agronegócio. Para o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, a ação se configura como “abuso de poder político”.

“Vender arroz com a marca do governo federal é abuso de poder político”, afirmou Lupion, sugerindo que a iniciativa faz propaganda eleitoral. Segundo ele, o Rio Grande do Sul já colheu quase toda a safra, tornando a importação desnecessária. “Vai prejudicar os agricultores de arroz do Rio Grande do Sul que não perderam tudo na inundação”, acrescentou.

A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, também criticou a medida. Ela destacou que o arroz importado será vendido “com a campanha do governo federal” e que isso desestimula os produtores nacionais de arroz.

O tema foi debatido no plenário do Congresso Nacional na terça 28. O senador Ireneu Orth (PP-RS) sugeriu que o governo poderia ter comprado arroz brasileiro em vez de importar. “Somando a safra gaúcha à de outros Estados era possível atender a todo o país”, disse.

Ele prosseguiu: “O governo, sem respeitar os agricultores e, ao invés de adquirir o produto nacional, gasta para comprar produto estrangeiro em detrimento do nosso produtor. Falo em defesa da produção nacional, que neste ato foi desrespeitada.”

O governo planeja investir R$ 7,2 bilhões do Orçamento federal para comprar o arroz importado e vendê-lo em supermercados de sete regiões metropolitanas. O produto será vendido em embalagens com a marca da Conab e a inscrição “arroz adquirido pelo governo federal”, ao preço tabelado de R$ 8 o pacote de 2 quilos.

Produtores consideram importação de arroz uma intervenção estatal

Produtores e vendedores de arroz brasileiros consideraram a medida uma intervenção estatal. O volume importado representa cerca de 10% do consumo anual de arroz no país. O governo argumenta que a medida visa a conter os aumentos de preços após as enchentes no Rio Grande do Sul e combater a especulação.

Lupion e Tereza Cristina acreditam que os preços subiram no Brasil devido à decisão do governo de fazer leilões para comprar arroz. A ex-ministra também observou que a importação deve demorar a chegar ao Brasil e que há diferenças entre o arroz asiático e o brasileiro, o que pode dificultar a aceitação pelo consumidor.

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