A divisão de produtores em “grandes” e “pequenos” é um conceito que, embora ultrapassado, ainda é utilizado para promover certas narrativas políticas. Essa abordagem, que remonta às teorias marxistas sobre classes sociais, divide a sociedade em possuidores e não possuidores dos meios de produção. No entanto, no contexto moderno do agronegócio, essa divisão não representa mais a realidade e pode até prejudicar o desenvolvimento do setor.
No Acre, onde o agronegócio é fundamental para a economia, essa retórica de divisão entre produtores grandes e pequenos não ajuda. Pergunto: a quem realmente interessa essa separação? Na prática, essa diferenciação parece mais uma tentativa de politizar o setor do que de promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Esse tipo de politicagem não contribui para criar um agro mais competitivo e moderno, necessário para atender às demandas do mercado atual.
Nosso estado opera com capacidade máxima em frigoríficos e matadouros, mas, devido a esses entraves, o preço da carne para a população se torna inviável. Ao invés de fomentar uma disputa entre grandes e pequenos, deveríamos buscar soluções que beneficiem a produção como um todo, promovendo maior eficiência e melhorando o acesso da população aos produtos.
Uma regulamentação tributária moderna e ajustada à realidade do setor é essencial para o crescimento do agronegócio no Acre. Estados vizinhos já adotam políticas de regulação de preços de mercado diariamente, enquanto, no Acre, essa questão é frequentemente politizada, atrasando melhorias essenciais para a cadeia produtiva local.
Desde que o governo estadual reduziu sua interferência no agronegócio, novas cadeias produtivas de grãos e pecuária começaram a crescer. A produção de grãos subiu, e o rebanho bovino se expandiu, mas o setor ainda enfrenta pressão ambiental, exacerbada por políticas federais. É importante lembrar que a evasão fiscal impacta negativamente toda a infraestrutura rural, reduzindo os recursos disponíveis para manutenção de estradas, postos de saúde e segurança no campo. Além disso, continuar vendendo o “bezerro mais barato do Brasil” sem a tributação correta é inviável para o desenvolvimento econômico do estado.
A divisão de produtores em pequenos e grandes, como defendia Karl Marx, não faz mais sentido no contexto atual do agronegócio. Um não sobrevive sem o outro. O Acre é agro, e o agronegócio é a força que tem o potencial de transformar o estado.