A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta (8), 37 mandados de prisão e de busca e apreensão no âmbito das investigações dos atos de 8 de janeiro de 2023.
As primeiras informações apontam que os alvos são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara, o ex-assessor Filipe Martins, entre outros. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também está na mira da PF.
Apuração aponta que Câmara e Martins estão entre os presos da operação.
A PF afirma, em nota, que a operação desta quinta (8), chamada de Tempus Veritatis, busca “apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República [Bolsonaro] no poder”.
Ao todo, são 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e são cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Entre as medidas cautelares, estão a proibição de manter contato com os demais investigados e a proibição de saírem do país, com a entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Informações preliminares apontam que os alvos da operação desta quinta (8) foram determinados a partir da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso em maio do ano passado durante a investigação da inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no cartão de vacinação do ex-presidente.
“As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”, diz a PF.
Segundo as investigações, os núcleos se dividiram em dois eixos de atuação, sendo o primeiro na “construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação”.
Este, segundo a PF, era um discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
Já o segundo eixo atuava na prática de “atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível”.
De acordo com a Polícia Federal, o Exército acompanha o cumprimento de alguns dos mandados contra militares, como Braga Netto e Heleno.