Plano Safra será anunciado em duas etapas; volume para agricultura familiar deve ser recorde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã nesta quinta-feira, 26, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), além de técnicos das pastas, para tratar dos últimos ajustes do Plano Safra 2025/2026. 

A previsão é que o pacote seja anunciado em duas etapas: a primeira, voltada à agricultura familiar, na próxima segunda-feira, 30, às 11h; a segunda, voltada aos produtores empresariais, no dia 1º de julho, em horário ainda não confirmado. 

O ministro Paulo Teixeira confirmou ao Agro Estadão que a reunião foi positiva. Ele sinalizou que o volume destinado à agricultura familiar será novamente recorde, mas não quis adiantar valores. “Esse país é produtor de alimentos. Tivemos deflação dos alimentos e isso é resultado das políticas corretas. Planos Safras recordes, safras recordes”, afirmou, na saída do encontro. 

Há indícios de que as taxas de juros do ano passado sejam mantidas, com exceção da soja. Segundo fontes consultadas pela reportagem, o governo fala em taxas diferenciadas para arroz, feijão, leite, hortifruti e agroecológicos, mas nada foi definido até agora. A expectativa é que os valores finais e as novas condições de crédito sejam ajustadas até esta sexta-feira, 27. 

Em 2024, o Plano Safra disponibilizou R$ 400,59 bilhões em crédito para a agricultura empresarial e R$ 76 bilhões foram destinados para a agricultura familiar e o restante para a agricultura empresarial. O volume total foi 9% maior que o do ciclo anterior.

Construção complexa 

Apesar da sinalização positiva, integrantes do governo admitem que a construção do plano desta temporada é mais complexa. O subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, já havia antecipado que as fontes de recursos estão mais restritas este ano. “Está sendo um dos planos mais difíceis. As fontes estão limitadas por renegociações e pelo aumento do custo de equalização com a Selic elevada”, disse em entrevista ao Agro Estadão.

Na semana passada, ao comentar o congelamento de R$ 445,1 milhões no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), o secretário nacional de Políticas Agrícolas, Guilherme Campos, reconheceu que vários fatores vão afetar diretamente a construção do Plano Safra. “Está tendo que se tomar outros caminhos, e são todos eles custosos e difíceis”, disse ao Agro Estadão.

Pleito do Rio Grande do Sul

Representantes do setor produtivo acompanham com atenção o fechamento dos números. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, por exemplo, defende a manutenção das taxas de juros da última safra e uma dotação mínima de R$ 12 bilhões para a equalização. “Se o governo não suplementar esse orçamento, vamos ter 50% menos recursos equalizados”, afirmou. 

O dirigente também cobrou medidas para renegociação das dívidas no Rio Grande do Sul, que enfrenta o quinto ano consecutivo de perdas climáticas. Segundo ele, o grupo de trabalho anunciado para tratar das questões ligadas ao assunto não teve a publicação formalizada. “Se não resolvermos as dívidas, muitos não conseguirão acessar crédito do Plano Safra”, enfatizou.

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