Um policial civil está sendo investigado por abuso de autoridade praticado contra a médica Laureangela da Silva de Sousa dentro da Unidade Mista de Manoel Urbano, interior do Acre.
A profissional teria sido abordada, na última segunda-feira (24), de forma agressiva pelo policial que exigia a realização de um exame de corpo de delito sob ameaça de prisão por prevaricação.
O Ministério Público Estadual (MP-AC) foi acionado e instaurou uma procedimento para apurar a situação. Além disso, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Acre (CRM-AC) acionou também a corregedoria da Polícia Civil para pedir providências contra o policial.
O CRM-AC, inclusive, publicou uma nota de repúdio contra o servidor público. Veja abaixo.
“O Conselho ressalta ainda que está em tratativas com o Sindicato dos Médicos do Acre e o MP-AC para desenvolvimento de fluxo de atendimento que garanta estrutura adequada e assegure a autonomia do médico, bem como uma justa remuneração para a realização das atividades periciais, conforme preconiza o Código de Ética Médica”, destaca.
A direção-geral da Polícia Civil também se manifestou sobre o caso. Em uma rede social, a instituição afirmou que ‘repudia veementemente abuso de autoridade por parte de qualquer integrante da instituição, e que os fatos ocorridos com a profissional de saúde envolvendo serão apurado de forma imparcial e célere pela corregedoria geral’.
Segundo a denúncia, a médica era a única disponível na unidade no momento do ocorrido e estava no momento de repouso quando foi abordada de forma agressiva pelo servidor público. O policial nega as acusações, segundo o MP-AC.
O policial não teve o nome divulgado e, por isso, a reportagem não conseguiu contato com ele.
Também por meio de nota, Sindicato dos Policiais Civis do Acre (Sinpol-Acre) defendeu o servidor público. “É crível ressaltar a dificuldade que corriqueiramente os policiais civis sofrem para que as pessoas sejam submetidas ao exame de corpo de delito no interior do estado, ainda que haja uma ínfima quantidade de policiais civis lotados nas unidades e imensa onda de violência que assola os municípios, sobretudo os mais afastados da capital”.
Veja a nota do CRM na íntegra:
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Acre (CRM-AC) repudia veementemente o ocorrido com a médica Dra. Laureangela da Silva de Sousa durante seu plantão na Unidade Mista de Manoel Urbano nesta segunda-feira, 24 de julho, no interior do Estado.
A doutora encontrava-se de plantão para atender casos de urgência e emergência na referida unidade de saúde, sendo a única profissional médica disponível no momento, quando no seu horário de repouso foi abordada de forma agressiva por um agente de Polícia Civil exigindo que realizasse um exame de corpo de delito sob ameaça de prisão por prevaricação. Tal conduta, além de injustificável, causou grande abalo emocional à médica, que procurou o CRM-AC para solicitar apoio e providências. O Conselho tomou imediatas providências, entrando em contato com a delegada da cidade, que se solidarizou com a médica e colocou-se à disposição.
Desta forma, o CRM-AC comunica que irá acionar o Ministério Público do Estado e a Corregedoria da Polícia Civil, a fim de garantir a devida apuração dos fatos e responsabilização diante da conduta inadequada e abusiva contra a profissional de medicina. O Conselho ressalta ainda que está em tratativas com o Sindicato dos Médicos do Acre e o MP-AC para desenvolvimento de fluxo de atendimento que garanta estrutura adequada e assegure a autonomia do médico, bem como uma justa remuneração para a realização das atividades periciais, conforme preconiza o Código de Ética Médica.
Por Aline Nascimento, G1 AC
