No último 11º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na primeira quinzena de agosto, foi revelado um panorama promissor para o agronegócio brasileiro na safra 2022/23. Os números são impressionantes, com uma estimativa de crescimento de 17,4% na produção de grãos em relação ao ciclo anterior. Esse incremento de 47,4 milhões de toneladas, totalizando 320,1 milhões de toneladas colhidas, é resultado da combinação de ganhos significativos na área cultivada e na produtividade das lavouras.
A área destinada à agricultura apresentou um aumento de 5%, alcançando 78,3 milhões de hectares. Por outro lado, a produtividade média registrou um expressivo aumento de 11,8%, saltando de 3.656 quilos por hectare para 4.086 kg/ha. Esses números ressaltam a importância de investimentos na modernização do setor agrícola, com foco na mecanização e na correção do solo.
Um exemplo nesse contexto é o Estado do Acre, que, graças a um clima propício e uma localização estratégica, se destacou como um dos recordistas no plantio de soja. Desde a introdução do cultivo em 2017, a produção de soja no Acre experimentou um aumento extraordinário de 7.000%. No entanto, apesar desse progresso, nosso estado ainda depende significativamente de outros estados brasileiros para o abastecimento de cereais básicos como arroz, milho e feijão, bem como para o setor de criação de peixes e aves.
Mas com todo esse potencial e crescente aumento na produção, os números ainda são pequenos quando comparados com outros Estados. Mesmo com todos os desafios que ainda persistem aos pequenos e médios produtores, como crescer?
O pequeno produtor acreano não tem condições de buscar calcário no município de Cáceres, no interior do Mato Grosso, apesar do produto ser barato. O custo da tonelada gira em torno de R$100,00 reais, mas o que acaba inviabilizando a compra são os altos custos do transporte, numa média de R$400,00 reais. O que inviabiliza totalmente a tentativa de investimento.
Uma possível solução é explorar a hidrovia do Rio Madeira e criar um consórcio para transportar calcário de Belém do Pará. As balsas, com capacidade para 40 mil toneladas, superam em muito a capacidade de uma carreta, tornando o transporte mais eficiente e acessível. Essa iniciativa pode reduzir o tempo de transporte e, consequentemente, os custos, tornando o calcário mais acessível aos agricultores acreanos.
Investimentos em mecanização, correção do solo e logística eficiente são fundamentais para que o Acre possa contribuir ainda mais para a economia nacional, sem comprometer a preservação que tanto valoriza e ainda com o potencial de dobrar a atual produção. O setor agrícola do Acre está preparado para um crescimento significativo, e é essencial que todos os esforços se concentrem nessa direção para colher os frutos do desenvolvimento.