Os preços da arroba do boi gordo despencam no Brasil em maio; com pastagens cada vez mais enfraquecidas a desova de animais continua intensificada. Por sua vez, os frigoríficos continuam com escalas de abate bem posicionadas.
Os preços do boi gordo seguem em queda, fechando o mês de maio com uma grande desvalorização nas principais praças pecuárias do país, apontaram as principais consultorias que acompanham o mercado diariamente. Segundo os analistas, as desvalorizações têm sido explicadas pela maior oferta de animais no campo, devido às condições de pastagens, ao final da safra e ao tradicional efeito manada de produtores entregando seus animais receosos de quedas ainda maiores.
Se por um lado os pecuaristas seguem apreensivos com o que pode vir, do outro lado, os frigoríficos continuam com escalas de abate bem posicionadas dentro de um ambiente caracterizado por uma grande quantidade de animais ofertados, em especial de fêmeas. “É importante notar que muitas indústrias já têm suas programações preenchidas para junho e evitam novas negociações para controlar as escalas e os preços da arroba”, observa a Agrifatto.
De acordo com a Scot Consultoria, as indústrias de São Paulo estão operando com escalas de abate confortáveis, com uma média de 11 dias, o que permite a realização de negociações mais moderadas. Os efeitos do outono têm degradado a qualidade das pastagens, levando a um aumento na venda de bovinos prontos para abate, apesar da queda nos preços da arroba. Os analistas observam que essa situação contribui para a pressão nos preços.
Adicionalmente, a Scot aponta que o escoamento de carne bovina até o consumidor final está ocorrendo de forma lenta, e os estoques atuais são suficientes para suprir a demanda, mantendo as cotações para a arroba do boi gordo sob pressão.
O clima continua relevante para o entendimento do mercado. “Com as condições secas no Centro-Oeste, Sudeste e parte da região Norte, é natural que o pecuarista acabe perdendo poder de barganha e, por consequência, apresentando menor capacidade de retenção das boiadas nos pastos. Assim, o viés também é negativo para os preços ao longo de junho”, diz o analista da Consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
A expectativa é de continuidade desse movimento [de queda], uma vez que a oferta está se avolumando e mantendo as escalas de abates dos frigoríficos bastante confortáveis, apontou analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias
Iglesias reforça a ideia de que pecuaristas precisam se atentar para a inversão do ciclo pecuário, prevista para o final deste ano. “Em determinado momento, o ritmo de nascimentos não acompanhará a demanda por animais de reposição, aumentando a propensão a reajustes, começando pelas categorias mais jovens, consequência do relevante descarte de fêmeas”, avalia.
Preços da arroba do boi gordo nas principais praças pecuárias
Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim:
- São Paulo (Capital): R$ 220 a arroba, queda de 5,58% frente aos R$ 233 a arroba praticados no final de abril.
- Goiás (Goiânia): R$ 197 a arroba, recuo de 8,37% frente aos R$ 215 do fechamento do mês anterior.
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 215 a arroba, baixa de 6,52% frente aos R$ 230 do encerramento de abril.
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 215 a arroba, baixa de 1,38% frente ao fechamento de abril, de R$ 218.
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 215 a arroba, retração de 4,44% frente ao fechamento do mês passado, de R$ 225.
- Rondônia (Vilhena): R$ 185 a arroba, baixa de 3,65% frente aos R$ 192 registrados no encerramento de abril.
Exportações de carne bovina
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 807,935 milhões em maio (17 dias úteis), com média diária de US$ 47,525 milhões. A quantidade total exportada pelo país chegou a 178,869 mil toneladas, com média diária de 10,521 mil toneladas.
Já o preço médio da tonelada ficou em US$ 4.516,90. Em relação a maio de 2023, houve alta de 21,8% no valor médio diário da exportação, ganho de 37,4% na quantidade média diária exportada e desvalorização de 11,4% no preço médio. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
De acordo com estimativa da Agrifatto, “com base no desempenho excepcional registrado na parcial de maio/24, a previsão anterior de 200 mil toneladas para o período completo do mês foi ajustada para 207 mil toneladas, representando um aumento de 22,84% em relação ao volume computado em maio/23″.
Mercado atacadista
No caso da carne negociada no atacado da Grande São Paulo, as cotações também estão em baixa. Pesquisadores do Cepea indicam que os preços da carne dependem do equilíbrio entre capacidade de consumo do brasileiro e o volume disponível.
O mercado atacadista apresentou fracos ao longo de maio. O quarto traseiro do boi caiu 1,73%, passando de R$ 17,30 por quilo para R$ 17,00 por quilo. O quarto dianteiro do boi teve retração de 10,07%, passando de R$ 13,90 para R$ 12,50.