A decisão do Carrefour de suspender a comercialização de carnes provenientes de países do Mercosul gerou forte reação no setor agropecuário brasileiro. No Acre, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC), Assuero Veronez, condenou a medida, classificando-a como um ato de protecionismo disfarçado de preocupações ambientais e sanitárias.
“Essa medida do Carrefour, mais uma vez, demonstra a hipocrisia europeia, especialmente dos franceses, quando, sob a justificativa de questões sanitárias ou ambientais, na verdade, estão fazendo o seu velho e tradicional protecionismo. Sob pressão dos agricultores europeus, que vão às ruas com uma certa violência, se manifestar pelos seus direitos, que são legítimos, mas o governo francês não pode querer culpar a carne brasileira e da América do Sul como se fosse um produto não qualificado para entrar no mercado europeu. Nós vendemos carne para a Europa há 40 anos, pelo menos. Nunca tivemos nenhum problema, e muito menos agora. Temos muito mais controles, e não só controle sanitário, mas especialmente sustentabilidade”, afirmou.
O presidente da FAEAC também destacou os impactos negativos da decisão para a própria rede varejista francesa, como a queda no valor das ações e o desabastecimento de carne nas lojas. Segundo ele, a reação do setor brasileiro, incluindo boicotes a frigoríficos que fornecem ao Carrefour no Brasil, evidenciou os problemas gerados pela medida.
“O boicote, que agora está sendo feito pela indústria brasileira, pelos frigoríficos, para implementar também no Carrefour, no Brasil, essa medida de não vender carne acabou mostrando ser um tiro no pé mesmo do Carrefour. O supermercado não sobrevive sem vender carne, porque a carne, além da importância dela em si, ela puxa a venda dos outros produtos. Hoje, na Bolsa de Valores, já observa-se uma queda no valor das ações do Carrefour, ou seja, eles vão aprender duramente a respeitar o comércio que havia entre os dois países”, ressaltou.
Veronez também associou a decisão às tensões em torno do acordo União Europeia-Mercosul, que enfrenta forte oposição de produtores europeus preocupados com a competitividade da agricultura sul-americana. Ele destacou que o Brasil possui custos de produção menores e qualidade equiparada à europeia, o que representa uma vantagem significativa no mercado internacional.
“O que os produtores franceses estavam fazendo, ao se manifestar, era com a preocupação do acordo União Europeia-Mercosul, que está na iminência de ser assinado, e eles são contra, porque a agricultura europeia não é competitiva. Nós sabemos produzir com qualidade mais barato que eles, eles têm toda uma tradição, mas o custo de produção deles é sempre mais alto, e, portanto, não competem, e nós temos qualidade como eles”, finalizou.