A promotoria de Justiça Especializada em Direitos Humanos do Ministério Público do Acre (MPAC) recebeu, nesta manhã de terça-feira (28), um abaixo-assinado com mais de 100 assinaturas de representantes das mais 90 famílias que vivem na Ocupação “Marielle Franco”, uma área de terra pública localizada nas imediações do bairro Defesa Civil, em Rio Branco (AC). A área foi invadida em abril de 2018, poucos dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco, morta a tiros, ao lado de seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março daquele ano, no Rio de Janeiro.
O nome da ocupação revela que por trás do movimento está o PSOL, partido ao qual a vereadora fluminense era filiada, e que congrega entidades como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), a versão urbana do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), organização que há 40 anos invade propriedades rurais no Brasil sob o pretexto de buscar a Reforma Agrária no país. No Acre, o grupo é liderado por um ativista de nome Jamyr Rosas, um homem que, no abaixo assinado, responde por várias acusações dos moradores na condução da invasão, o qual eles querem a mediata destituição e sua saída do meio deles e da própria ocupação, já que ele não mora no local.

Por isso, antes de irem ao MPAC com o abaixo-assinado, na tentativa de desvincularem de vez do PSOL e do MTST da ocupação, a prieira vítima foi a cozinha solidária que leva o nome da vereadora assassinada, a qual forneceria até 250 marmitas de almoço de segunda a sexta-feira – embora os moradores do local tenham dito que não sabem para onde ira tanta comida. Em denúncias anteriores, chegaram a revelar que parte dos produtos alimentícios doados por organizações públicas e privadas para a cozinha “Marielle Franco” iria parar nas despensas de amigos e aliados de Jamyr Rosas, além de sua própria casa e de sua genrora.
Aliás, os moradores originas da ocupação também denunciam que a mãe, outros familiares e amigos de Jamyr Rosas, todos ligados ao PSOL, que nunca estiveram na invasão, constam de uma lista enviada à Caixa Econômica Federal como moradores da invasão e que por isso precisariam de imóveis para viverem. O envio à Caixa ocorre porque o MTST teria conseguido se habilitar no Programa do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida”, que iria construir casas e apartamentos no local. É dai que a surge o temor pela ação de Jamyr Rosas dentro da invasão. “O que ele dizia aqui valia como lei. Ele dizia que, para ter direito aos imóveis, as pessoas tinham que pontuarem nos critérios do movimento deles, trabalhando de graça na cozinha solidária e participando de assembleias dirigidas pelo senhor Jamyr Rosas, assinando uma lista de presença. Mas ele pegava essas listas com os nomes das pessoas, botava sobre as assinaturas o cabeçalho que queria sempre o apontado como líder e representante da comunidade. Por isso tivemos a ideia de também fazermos um abaixo-assinado para mostrar que esse Jamyr Rosas não nos representa”, disse uma das moradoras e organizadora do abaixo-assinado entregue ao MPAC.
O promotor de Justiça Thalles Ferreira, a quem o abaixo-assinado foi endereçado, pediu entre dez a 15 dias para, em nome do MPAC, tomar uma posição sobre o assunto. Na reunião que teve no local com os moradores inclusive com a presença de Jamyr Rosas, o promotor pediu que o MTST se abstivesse de tomar qualquer inciativa em relação à ocupação enquanto o MPAC não se manifestasse. No entanto, após a reunião, segundo prints tirados de grupos de WhastsAPP dos quais Jamyr Rosas faz parte, ele teria dito que mantinha tudo o que anteriormente havia dito sobre os critérios para alguém ser beneficiado com os imóveis a serem construídos, além de permanecer entre os moradores como líder do movimento.
Depois das manifestações em que os moradores derrubaram placas e fecharam inclusive a cozinha solidária, além de proibirem a entrada de militantes do MTST no local, principalmente de Jamyr Rosas, a que querem a expulsão em definitivo do lugar, o dirigente da entidade não se manifestou. Apenas disse, nos grupos de WhatsAPP, que a cozinha solidária Marielle Franco estava fechada “por tempo indeterminado”.

Moradores da invasão dizem que querem ser donos de seus próprios destinos e rejeitam serem tutelados pelo MTST
O movimento contra Jamyr Rosas e o MTST se precipitaram depois da posse do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na Secretaria-Geral da Presidência da República, um dos cargos mais estratégicos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao lado de Jamyr Rosas, Guiherme Boulos apareceu em redes sociais lançando seu aliado a governador do Estado nas eleições de 2026, o que levou os moradores da invasão a se movimentarem para desmobiliarem a campanha que o militante do MTST faria utilizando em sua campanha eleitoral sua relação à invasão “Marielle Fraco”, a qual, alias, também deve mudar de nome.
Da redação do Diário do Acre, com informações de Tião Maia, do site O Aquiri. Foto de capa: Gabriel Bader/Orna Audiovisual



