Redução de só 10% pode ter sido “engano” e governo brasileiro espera redução da taxa de 40%

Após algumas trocas de informações entre partes do governo brasileiro e do governo norte-americano, há uma expectativa de que a redução de apenas 10% nas tarifas pode ter sido um engano. O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) deve questionar a Casa Branca se houve algum “esquecimento” quanto à retirada dos outros 40%. 

“Pode ser que tenha sido um erro administrativo. Eles [norte-americanos] mesmos estavam indicando que talvez pudesse ter sido esquecida na hora de colocar”, disse uma fonte ligada ao governo federal. De acordo com ela, a expectativa é de que na próxima segunda-feira, 17, haja mais algum retorno dos Estados Unidos para explicar melhor a situação. 

No fim desta sexta-feira, 14, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, editou uma ordem executiva em que incluiu uma série de produtos agropecuários na lista de isenção da sobretaxa de 10% aplicada ao Brasil em abril, na onda das chamadas alíquotas recíprocas. No entanto, o Brasil tinha uma sobretaxação acumulada de 50%, sendo que os outros 40% foram anunciados em julho. 

Segundo essa fonte, é preciso ter cautela na avaliação da ordem executiva, mas a condição do mercado interno norte-americano vem pressionando contra as tarifas. “A grande questão aqui é que houve uma sinalização de que os preços internos dos Estados Unidos estão começando a se elevar, conforme era previsto pelas leis da economia. Vamos esperar segunda-feira para ver se teve alguma diferença ou algum esquecimento. Pode ter acontecido, mas não dá pra garantir”, afirmou ao Agro Estadão. 

A análise feita é de que a medida decretada por Trump nesta sexta-feira é geral, mas com viés para o Brasil, que tem capacidade para fornecer quantidade suficiente para abastecer os Estados Unidos e num curto período. Por isso, se a ideia é baixar preços de forma rápida, manter uma tarifa de 40% sobre produtos como café e carne não ajudaria.   

“Não dá pra dizer que sim, nem que não, mas algumas coisas chamam a atenção. Por exemplo, não faria sentido você ter açaí, o próprio café, no caso do Arábica, e manter os 40% do Brasil, que é o maior fornecedor desses produtos. […] A carne, por exemplo, pode juntar a Argentina, Uruguai, quem você quiser juntar, que não tem nem gado com as condições que o americano precisa e nem a quantidade que o Brasil teria para disponibilizar”, comentou. 

“Avanços sucessivos”

Neste sábado, 15, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que a medida de Trump foi positiva. Ele afirmou ainda que o país vai continuar trabalhando para que haja a redução dos 40% e vê caminho para isso já que houveram “avanços sucessivos” desde as imposições de tarifas. 

Alckmin é um dos encarregados das negociações com os Estados Unidos e sobre o café, ele apontou que o cenário, mesmo com a redução de 10%, ainda não traz competitividade ao produto brasileiro. “Há uma distorção que precisa ser corrigida. Todo mundo teve 10% a menos, só que, no caso do Brasil, que tinha 50%, ficou com 40%, que é muito alto”, pontuou a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

Ele também indicou que a medida desta sexta isenta totalmente o suco de laranja e aumenta a cota de produtos com alíquota zero. “O Brasil exportou no ano passado, em números redondos, US$ 40 bilhões de dólares. Desses US$ 40 bilhões, 23% estavam zerados, não tinha alíquota. Isso passou para 26%, com essa decisão publicada ontem”, acrescentou o vice-presidente.

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