Reflexões e desafios do agronegócio em 2025

Ao encerrarmos este ciclo de 2025, olhamos para as porteiras do futuro com uma mistura de cansaço e orgulho. O ano que se despede não foi para amadores. O produtor rural brasileiro, do pequeno ao grande, enfrentou uma jornada marcada por complexidades que testaram não apenas a sua eficiência técnica, mas a sua resiliência emocional e financeira. O setor navegou por águas turbulentas, enfrentando problemas políticos, econômicos, de comércio exterior e diplomacia, mas, mesmo assim, ainda é o protagonista da pujança econômica nacional e dos novos caminhos da sustentabilidade.

A flutuação nos preços das commodities e a reorganização das cadeias logísticas globais pressionaram as margens de lucro, exigindo do produtor uma mentalidade de gestor financeiro tão afiada quanto a sua prática no campo. Os desafios costumeiros, sendo o principal deles climático, além das dificuldades financeiras, outro item pressionou o produtor rural: a produção de baixo carbono e o cumprimento de normas ambientais rigorosas — estas, por sinal, deixaram de ser diferenciais para se tornarem pré-requisitos, demandando investimentos altos em rastreabilidade e tecnologia.

Apesar das “tempestades”, o agronegócio provou, mais uma vez, porque é a viga mestra da economia brasileira. Se 2025 foi o ano do desafio, foi também o ano da superação tecnológica. Vimos a digitalização avançar para além das fronteiras físicas, com a inteligência artificial otimizando cada semente e cada gota de fertilizante. A resiliência do campo não é passiva; ela é ativa. Ela está na capacidade do agricultor de se reinventar após uma quebra de safra e na união das cooperativas que fortalecem o elo mais fraco da corrente. O Brasil reafirmou seu papel como garantidor da segurança alimentar global, mostrando que, mesmo sob pressão, nossa terra é generosa quando trabalhada com ciência e dedicação.

O agronegócio é, essencialmente, um exercício de fé no futuro. Quem planta, acredita no amanhã. E é com essa crença que devemos cruzar a fronteira para o novo ano. Como sempre frisou nosso presidente emérito, Dr. Fábio de Salles Meirelles: “A grande riqueza de uma nação não está na quantidade de chaminés, de carros, de movimento, de venda. A grande riqueza de uma nação é uma semente bem germinada e o sorriso de uma criança bem nutrida.” Que as lições de 2025 sirvam de adubo para uma colheita mais próspera. Que a tecnologia seja nossa aliada, mas que o coração do produtor continue sendo o motor que move este país. O agro não para porque a vida não espera. Um feliz e produtivo 2026 a todos que fazem do solo o seu destino.

Tirso Meirelles é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).

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