A Universidade Federal do Acre (Ufac) nos últimos três meses tem sido palco de intensas movimentações devido à greve de professores e técnicos que reivindicam melhorias salariais e condições de trabalho. No entanto, um fator adicional tem alimentado a revolta dos trabalhadores: o discurso de falta de recursos da reitoria e os gastos elevados com viagens.
Desde 2022, a reitoria alega escassez de recursos, afetando até a manutenção do campus. Porém, dados do Portal de Transparência da Universidade revelam que, para viagens, os recursos nunca foram escassos. De setembro de 2022 a maio de 2024, foram gastos R$993 mil em deslocamentos. Deste número, R$265 mil foram despesas da reitora Guida Aquino, incluindo viagens internacionais para países como Itália e Suíça.
O reitor de planejamento, Alexandre Hid, defende que as viagens são essenciais para a continuidade dos trabalhos da Ufac, sendo todas elas devidamente autorizadas.
“Sempre são viagens autorizadas, inclusive. Elas são autorizadas para todo o Brasil e para dentro do Estado também. Esses gastos exagerados com passagens e diárias, não são apenas da reitoria, mas também de todos os diretores e pró-reitores, que viajaram muito nos últimos anos. Só no ano passado essa despesa chegou a quase R$700 mil”, afirmou Hid.
Os gastos com passagens e diárias não se restringem apenas à reitoria, mas também a diretores e pró-reitores. Em 2023, essas despesas totalizaram quase R$700 mil. A lista de viajantes inclui ainda assessoria de imprensa, cerimonial, assessoria de eventos e coordenadorias.
Para os grevistas, os valores gastos são injustificáveis, principalmente quando comparados com outras necessidades da universidade. O valor gasto em passagens e diárias nos últimos 22 meses poderia financiar 180 bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado por um ano.
Apenas os gastos da reitora seriam suficientes para custear 136 dessas bolsas, que contribuíram significativamente para os programas de extensão e pesquisa da Ufac. Além disso, esse montante poderia manter o funcionamento do restaurante universitário, que é um dos primeiros a sofrer com cortes de verba.
Segundo a Pró-Reitoria de Planejamento, a Ufac gasta anualmente cerca de R$1,5 milhão com passagens e diárias, considerando todas as diárias, e não apenas as da Administração Superior. Essas revelações aumentam a tensão no campus, intensificando a indignação dos grevistas que questionam as prioridades da gestão da universidade.
Matéria em vídeo produzida pela repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta.