O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), afirmou em entrevista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não representa mais a esquerda, mas se consolidou como “o maior líder de centro do país”. Segundo o ministro, essa percepção é amplamente aceita até pela liderança do PT. “Muito antes do centro vencer as eleições municipais, partidos como PP, União, PSD, e Republicanos já estavam no governo”, destacou Renan Filho. Ele também disse que, ao contrário de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “nunca foi liberal” e criticou sua eficiência em atrair capital privado para concessões e infraestrutura.
Renan Filho mencionou sua meta de realizar 35 leilões de rodovias até o final do ano, comparando sua atuação à do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) durante o governo Bolsonaro. O ministro aposta em atrair R$ 190 bilhões em investimentos privados para o setor de transportes, “uma inversão histórica”, segundo ele, que considera o modelo mais viável para avançar em infraestrutura.
Para o ministro, a visão de que Lula é de esquerda se limita aos apoiadores de Bolsonaro, e ele acredita que o próprio PT vê no presidente e no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma postura mais pragmática e centralizada. Haddad, que tem enfrentado pressões tanto da esquerda quanto da direita, busca implementar um pacote de ajuste fiscal, que inclui a redução de benefícios sociais e revisão de despesas. Renan Filho defende também cortes em incentivos fiscais, sugerindo uma redução de 10% em todos esses benefícios, medida que adotou em Alagoas quando foi governador.
O ministro ainda mencionou o desafio de lidar com o Congresso em meio ao pacote de cortes, principalmente em relação às emendas parlamentares, que ele acredita terem se expandido demais na gestão anterior. Ele confirmou que a pasta dos Transportes pode enfrentar cortes de até R$ 1 bilhão, o que afetaria obras do Novo PAC, mas disse que buscará recuperar o orçamento.