Rio Acre atinge a menor marca da história em Rio Branco com 1,23 metro

O Rio Acre, em Rio Branco, atingiu 1,23 metro na manhã deste sábado, 21, a menor cota já registrada na história da capital acreana desde o início do monitoramento pelos órgãos de controle, em 1971. O recorde anterior era de 1,25 metro, registrada em 2 de outubro de 2022.

A nova marca histórica reflete o agravamento da crise hídrica no estado, causada pela falta de chuvas e pelo prolongamento do período seco. Segundo a Defesa Civil Estadual, a situação é preocupante, especialmente porque, nos últimos dias, o rio tem apresentado variações mínimas, com baixas, estabilidade e pequenas subidas no nível das águas.

O coordenador da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, destacou que a ausência de chuvas significativas nas últimas semanas agrava o cenário no estado, que tem enfrentado os impactos de eventos climáticos extremos. “Este ano, temos lidado com eventos extremos em um curto intervalo de tempo. No início do ano, tivemos inundações em 19 dos 22 municípios, com cotas históricas máximas em alguns deles, superando todos os registros da série histórica de 53 anos. Agora, estamos vivenciando um período de seca prolongada. Nos últimos três dias, as cotas em alguns rios atingiram níveis mínimos”, informou o coordenador.

A previsão de um período seco prolongado mantém a população e as autoridades em alerta. “Estamos monitorando a situação de perto, não só do Rio Acre, mas de todos os outros mananciais nos 22 municípios, realizando ações de mitigação dos impactos deste período crítico e preparando medidas emergenciais caso a situação se agrave”, afirmou Carlos Batista.

Diante desse cenário, o governo do Acre, por meio do Gabinete de Crise, criado para lidar com a redução das chuvas e o aumento do risco de incêndios ambientais, tem intensificado medidas emergenciais para enfrentar a seca.

Entre as ações estão a declaração de emergência ambiental em todos os 22 municípios do estado, a ampliação do monitoramento dos níveis dos rios e qualidade do ar, o envio de caminhões pipa para as áreas mais críticas e o reforço nas campanhas de sensibilização sobre o uso racional da água, realizadas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).

“Estamos passando por períodos de cheias e secas históricas e temos atuado de forma integrada para superar esses desafios. Por meio do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), conseguimos monitorar e analisar dados ambientais em tempo real, utilizando tecnologias de geoprocessamento e sensoriamento remoto para auxiliar na gestão ambiental do estado. Sabemos que estamos enfrentando uma seca extrema e que, além da sensibilização, precisamos mobilizar toda a sociedade para enfrentar esta crise”, destacou a secretária do Meio Ambiente, Julie Messias.

Estado intensificou ações de fiscalização e combate a crimes ambientais. Foto: Pedro Devani/Secom

Além disso, o Estado intensificou a fiscalização de atividades que possam comprometer ainda mais os recursos hídricos, como queimadas, desmatamento ilegal e exploração de madeira. As ações do governo do Acre no combate a crimes ambientais já resultaram na aplicação de mais de R$ 15,8 milhões em multas por infrações ambientais em 2024, com foco principalmente no combate às queimadas e ao desmatamento ilegal em todo o estado.

Na quinta-feira, 19, o governador do Acre, Gladson Cameli, esteve em Brasília reunido com outros governadores da Amazônia e ministros para defender a união de esforços no combate às queimadas no estado. “Além de um problema ambiental, é uma questão de saúde pública para a população”, explicou o gestor.

Entre as iniciativas de combate às queimadas em 2024 está a operação Sine Ignis (Sem Fogo), realizada entre os dias 29 de agosto e 8 de setembro. Somente na primeira fase, a operação resultou na aplicação de mais de R$ 1,5 milhão em multas. As ações se concentraram nos municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá, regiões que apresentaram os maiores índices de queimadas e desmatamento.

Outras medidas de enfrentamento à seca incluem melhorias na rede de captação e distribuição de água nos municípios, realizadas pelo Serviço de Água e Esgoto do Acre (Saneacre), com o objetivo de reduzir os impactos da escassez hídrica. A instalação de filtros de água potável nas Unidades de Gestão Integrada (Ugais), que atendem comunidades próximas a áreas protegidas, é outra ação implementada pelo Estado.

Qualidade do ar é considerada péssima em algumas cidades acreanas. Foto: Pedro Devani/Secom

Além de combater os crimes ambientais, as ações do governo visam reduzir problemas de saúde pública associados à má qualidade do ar. Algumas cidades acreanas têm atingido níveis péssimo de poluição, com índices acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) orienta a população a aumentar a ingestão de água e líquidos para manter as vias respiratórias úmidas e protegidas.

Também recomenda-se reduzir o tempo de exposição em ambientes abertos e permanecer em locais ventilados, com ar-condicionado ou purificador de ar, para aumentar a umidade do ambiente. É aconselhável, ainda, colocar bacias com água ou toalhas molhadas em locais estratégicos e que a população, especialmente crianças menores de cinco anos, idosos, gestantes e pessoas com doenças respiratórias, esteja em alerta.

Com o agravamento da seca, o governo federal criou novas sanções para os responsáveis por queimadas ilegais. O Decreto N° 12.189, de 20 de setembro de 2024, estabelece penalidades para infrações ambientais como compra, venda, transporte ou armazenamento de espécies animais ou vegetais sem autorização, além de atualizar o valor das multas por descumprimento de embargos impostos pelas autoridades ambientais.

As penalidades por outras infrações ambientais serão aplicadas em dobro se envolverem o uso de fogo ou provocação de incêndio, especialmente em áreas de terras indígenas.

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