A federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, anunciou nesta terça-feira (2) o desembarque do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão implica a saída de ministros filiados às siglas, como André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), que terão de deixar os cargos. O anúncio foi confirmado por lideranças partidárias e pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda. Segundo o líder da legenda na Câmara, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), o pedido de saída é imediato.
“Informamos aos detentores de mandato que devem renunciar a qualquer função no governo federal. Em caso de descumprimento desta determinação, se forem dirigentes em seus estados, haverá afastamento em ato contínua”, anunciou Rueda. Apesar da determinação, a medida não atinge todas as indicações dos partidos na Esplanada. Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações), ambos ligados ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), devem permanecer nos cargos, assim como Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, indicado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL).
A federação também decidiu apoiar um projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. A proposta, em debate na Câmara, prevê perdão amplo aos réus, mas mantém a inelegibilidade de Bolsonaro. A iniciativa ocorre no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar Bolsonaro por sua participação na suposta trama golpista. Nos bastidores, a articulação tem contado com apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como potencial candidato presidencial em 2026.
A saída de União Brasil e PP do governo ocorre uma semana após Lula cobrar fidelidade de ministros do Centrão. O presidente chegou a sugerir que eles deixassem a Esplanada se não estivessem dispostos a defender sua gestão. As declarações geraram mal-estar com as lideranças partidárias, entre elas Antonio Rueda e Ciro Nogueira (PP), que vinham pressionando pelo desembarque. Nos últimos dias, Fufuca e Sabino tentaram evitar a decisão, temendo desgaste político em suas pretensões eleitorais para o Senado em 2026.
Com a mudança, o governo deve ver sua base oficial na Câmara cair para 259 deputados, apenas dois acima da maioria simples, o que pode ampliar a dificuldade do Planalto em aprovar projetos estratégicos no Congresso.