Este ano o Brasil colheu uma safra recorde de soja, mais de 150 milhões de toneladas, um crescimento médio de 23% com relação ao ano passado, mas sabe onde a safra de soja cresceu mais? No Acre. Foi um crescimento de 115% e isso sem desmatar nada, em áreas antigas de pastagens e de lavouras.
A soja lá passou de 20 mil toneladas para 42, 44 mil toneladas. É um crescimento grande, por um valor pequeno comparado com a produção do Brasil, mas ela sinaliza o futuro.
O Acre está se beneficiando de um lado da logística, o governo anterior concluiu aquela novela da Ponte do Abunã sobre o rio Madeira e agora os carregamentos de soja vão direto para Porto velho e lá se beneficiam da hidrovia.
Os produtores continuam investindo em tecnologia, sofrendo muita perseguição, uma verdadeira tempestade de comando de controle e pouco reconhecimento. Mesmo assim trabalham para abrir o mercado para o Peru, de onde poderá vir também fertilizantes e calcário.
Mais ainda, a China vai inaugurar no ano que vem no Peru o porto de Chancay. Será o maior porto da América Latina e o único da América Latina capaz de receber esses imensos navios gigantes que existem hoje. Isso vai criar um centro de gravidade e vai atrair produção da Bolívia, do Peru, da Colômbia, do Equador e também dessa região tão isolada, abandonada e até perseguida do Acre, onde a coragem nunca faltou aos produtores.
Evaristo de Miranda é ex-pesquisador da Embrapa.