A safra 2024/2025 deve crescer 8% e atingir 322,5 milhões de toneladas de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Contudo, o aumento da produção agrava um antigo problema do agronegócio brasileiro: o déficit de armazenagem, que pode causar colapsos logísticos no pós-colheita, especialmente em cenários de alta produtividade.
O presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Abimaq, Paulo Bertolini, alerta que o déficit de capacidade saltou de 83 milhões para 118 milhões de toneladas neste ano. “Vemos milho sendo armazenado a céu aberto, exposto a insetos, roedores e chuvas. Apenas acompanhar o crescimento anual exigiria R$ 15 bilhões em investimentos. Para resolver o déficit, o valor ultrapassa R$ 120 bilhões”, afirma.
Apesar de um avanço de 5,4% na capacidade de armazenagem no primeiro semestre de 2024, atingindo 222,3 milhões de toneladas, o crescimento ainda é insuficiente. Para mitigar o problema, o governo federal ampliou para R$ 7,8 bilhões os recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) no Plano Safra 2024/2025, um aumento de 17,4% em relação ao ciclo anterior.
Especialistas, no entanto, destacam que os recursos são insuficientes e apontam a necessidade de reduzir a burocracia para viabilizar novas estruturas. “Enquanto um trator exige apenas um aval, um silo demanda hipoteca, licenças ambientais e outros processos que dificultam o acesso ao crédito”, explica Bertolini.