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Sem o básico, cidade isolada no Acre sofre com falta de insumos por causa de seca em rio

Combustíveis, gás de cozinha e até arroz estão em falta em Santa Rosa do Purus.

O município de Santa Rosa do Purus, cidade isolada do interior do Acre, distante 299 km de Rio Branco, enfrenta dificuldades devido à seca severa do Rio Purus. Suprimentos como combustíveis, alimentos e gás de cozinha estão em falta na cidade, pois os barcos que levam esses insumos não conseguem chegar à cidade. A situação também é grave nos municípios de Jordão e Marechal Thaumaturgo.

O prefeito de Santa Rosa do Purus, Tamir Sá, disse que a prefeitura está disponibilizando barcos pequenos para ir até os barcos grandes para buscar aos poucos as mercadorias e combustível. “Nós estamos mandando uma canoinha pequena pra socorrer o barco pra trazer combustível porque a cidade não tem mais gasolina nem nada. Os barcos que estão andando aqui só barco pequeno”, disse.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito contou ainda que há dificuldades em chegar todo tipo de mercadoria no município. Ele contou que há balsas que estão há seis meses sem poder sair da cidade, por motivo do rio estar com nível muito baixo.

Sá acrescentou que há barcos ancorados há 10 dias na beira do Rio Purus, sem conseguir sair. “O rio já tá há mais de cinco meses nessa situação e agora se agravou muito mais. O que que nós pedimos as pessoas, as autoridades, os deputados, o nosso governador que dê apoio ao nosso município, faça a estrada que a gente tanto precisa. Nunca a gente tinha visto uma seca tão grave dessa”, afirma ele.

O prefeito acrescentou ainda que o principal interesse em construir a estrada é para que as pessoas que vivem no local não precisem sofrer com a falta de insumos. “Uma cidade dessa tão boa, o pessoal é muito feliz aqui, mas está na situação que tá, situação de emergência mesmo. Está faltando praticamente tudo”.

O gestor indicou que não sabe como será futuramente a situação do rio, que cada dia seca mais. “Nós não temos outra coisa a fazer a não ser pedir socorro as autoridades, por isso que nós queríamos tanto essa estrada porque sabemos que cada vez mais pode ficar pior a situação”, pediu.

A prefeitura da cidade menciona que o único posto de combustíveis da cidade ficou sem gasolina mais de dez dias e no dia 1º de novembro, um pouco do produto chegou, mas em poucas horas acabou, pois a quantidade é pequena.

Também foi informado que o básico na alimentação, como por exemplo o arroz está em falta nos comércios do município. “Não estamos tendo itens da cesta básica. Semana passada chegou um fardo em um comércio e logo acabou. Os comerciantes estão trazendo o que podem por voadeira até o ramal (estrada de barro), e daí segue por caminhonetes” disse.

A prefeitura explicou ainda que para comprar o gás de cozinha é necessário entrar em uma lista de espera pra quando for chegar, a população tentar comprar. “Um comerciante que fornece para a população avisa que tal dia pode chegar, então, os clientes se submetem a colocar seu nome na lista para poder reservar uma botija”, esclarece.

Defesa Civil

O coordenador da Defesa Civil Estadual, cel. Carlos Batista, explica que o fenômeno La Niña está atuando, porém o volume de chuvas ainda não é suficiente para que os rios do interior aumentem o nível.

“O fenômeno La Niña traz um maior volume de chuva para nossa região, só que essas chuvas não estão acontecendo em volumes significativos. Os nossos rios, principalmente, o Rio Tarauacá, Rio Juruá, e Rio Purus, ainda continuam com cotas mínimas muito abaixo da média prevista para esse período”, disse.

O coordenador pontuou que o baixo nível dos rios prejudica o abastecimento dos municípios isolados, resultando na falta de combustível e mercadorias, como o que vem acontecendo em Santa Rosa do Purus, o que dificulta também a assistência prestada pela Defesa Civil Estadual.

“Todos estão com cota muito baixa para esse período, o que dificulta todas as ações, principalmente para os municípios isolados. Os mais impactados são Santa Rosa do Purus e Jordão, esses mananciais são rios de calha menor, o que dificulta o transporte de produtos para essas localidades. Então, a solução é aguardar a subida dos rios, por estrada é muito complicada a situação da abertura de estrada para essas localidades”, comentou ele.

Seca no interior

Em agosto desse ano, a seca do Rio Juruá fez com que os moradores de Marechal Thaumaturgo, distante 558 km de Rio Branco, sofressem com a falta de produtos alimentícios e racionamento de gasolina. Com isso, o combustível chegou a custar R$ 10,50.

A prefeitura da cidade afirmou que a seca no manancial estava dificultando a chegada de barcos que transportam os produtos. De acordo com a prefeitura, produtos de gênero alimentício, principalmente verduras, estavam em falta no local.

No Jordão, no início de outubro, a seca extrema deixou as distribuidoras de gás do município sem o produto, o que fez com que os moradores da comunidade chegassem a pagar até R$ 250 por cada botijão de 13kg.

O Rio Tarauacá, principal rota de acesso até a cidade, estava com o nível muito baixo, dificultando a navegação e prejudicando o transporte de mercadorias.

Desde o dia 24 de outubro, comunidades indígenas dos municípios de Marechal Thaumaturgo e Jordão isoladas por causa da seca dos rios da região estão recebendo doações levadas pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), junto ao Ministério da Saúde e a Força Aérea Brasileira (FAB)

Em uma aeronave de grande porte, a Dsei junto com uma equipe médica, de enfermagem e dentistas está indo até as comunidades para atender os indígenas dos municípios do interior do Acre.

*Por Hellen Monteiro e Lucas Thadeu, da Rede Amazônica AC.

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