O aumento dos incêndios durante a seca histórica no Brasil reacendeu o debate sobre o uso de queimadas no manejo agrícola, especialmente no setor da cana-de-açúcar. Segundo a Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), o setor já acumula um prejuízo de R$ 1,2 bilhão. No entanto, produtores afirmam que a prática de queimar cana foi abandonada na última década devido à sua inviabilidade econômica.
De acordo com José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana, as queimadas foram adotadas no Brasil em 1987, quando estudos indicavam benefícios, especialmente na colheita manual. Porém, a partir de 2004, com a introdução de máquinas agrícolas e o aproveitamento integral da biomassa da cana, a queima se tornou obsoleta e prejudicial financeiramente, resultando em perdas de até 50% no valor da produção.
Nogueira destacou que, entre 2005 e 2010, os produtores fizeram uma transição para a colheita mecânica, extinguindo a prática no Centro-Sul do país. A queima controlada ainda ocorre em áreas declivosas de Pernambuco e Alagoas, onde o uso de maquinário é limitado, mas governos locais estão comprometidos em acabar com essa prática.
A abolição das queimadas foi uma conquista tanto econômica quanto ambiental, com o setor adotando colheitas mais sustentáveis. Apesar disso, o setor sucroenergético ainda é associado às queimadas. Recentemente, a Orplana repudiou declarações que atribuíam a prática ao setor, reforçando seu compromisso com o meio ambiente e a proibição do uso de fogo na colheita desde 2017 em São Paulo.
A organização destaca que o setor cumpre rigorosamente as diretrizes do Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde, que proíbe o uso de fogo na colheita em diversas regiões, enfatizando o compromisso com a sustentabilidade.