A defesa dos direitos trabalhistas, o enfrentamento à precarização da profissão e a necessidade urgente de regulamentar o uso da Inteligência Artificial no jornalismo marcaram o terceiro dia do 40º Congresso Nacional dos Jornalistas, promovido pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), na sexta-feira, 12, em Brasília. O evento também foi palco da posse da nova diretoria da entidade e contou com participação ativa de representantes do Acre.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Acre (Sinjac), Luiz Cordeiro, o diretor de Comunicação da entidade, Dell Pinheiro, e o jornalista Ailton Oliveira, fizeram parte da delegação acreana, que acompanhou os debates e contribuíram para as discussões sobre os rumos da profissão.

Logo pela manhã, em um auditório lotado, a FENAJ abriu espaço para o painel “PJ, MEI ou CLT: quem te defende somos nós!”, que apresentou um diagnóstico crítico sobre o mercado de trabalho jornalístico no país. A secretária de Mobilização da FENAJ e presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Fernanda Gama, expôs dados sobre renda, vínculos empregatícios e a crescente informalização da categoria, destacando as contradições do modelo que fragiliza direitos históricos.

A mesa contou ainda com a participação da advogada trabalhista Maria Luiza Pimentel, do escritório Lecir Luz & Wilson Sahade Advogados, que alertou para a naturalização de práticas ilegais no setor.

Para o presidente do Sinjac, Luiz Cordeiro, o debate foi essencial para reafirmar a identidade da categoria.
“A chamada ‘pejotização’ não representa modernização nem empreendedorismo. Trata-se de uma fraude trabalhista que retira direitos, precariza as relações e mantém o jornalista em condição de subordinação. Jornalista é trabalhador e precisa ser respeitado dentro da CLT”, afirmou.

O ponto alto da manhã foi o lançamento oficial da Campanha Salarial Nacional Unificada dos Jornalistas 2026, iniciativa que busca fortalecer a atuação conjunta dos sindicatos estaduais na defesa de reajustes dignos e da manutenção de direitos.

Segundo o diretor de Comunicação do Sinjac, Dell Pinheiro, a unificação das pautas é estratégica para enfrentar um cenário cada vez mais adverso.
“Sem organização nacional, a categoria fica vulnerável. A campanha unificada é uma resposta concreta à precarização e um instrumento de resistência coletiva dos jornalistas em todo o país”, destacou.

Inteligência Artificial no centro do debate

A partir das 11h, as discussões se voltaram para os impactos da tecnologia no jornalismo, com o painel “A IA vai roubar nossos empregos?”, que reuniu especialistas da área acadêmica, política e da comunicação. Participaram da mesa a professora Deisy Feitosa, da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP); Jacks Andrade, da Universidade Federal do Amapá (Unifap); o pesquisador Atahualpa Blanchet (IEA/USP); e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).

O debate ressaltou a importância da regulação ética da Inteligência Artificial, defendendo que as ferramentas tecnológicas devem atuar como suporte ao trabalho jornalístico, e não como substitutas da atividade humana.

Plenária final e posse da nova diretoria

No período da tarde, os jornalistas participaram da Plenária Final, instância máxima de deliberação do Congresso, onde foram debatidas e aprovadas as teses e moções que irão orientar a atuação política da FENAJ no próximo período.

O terceiro dia do evento foi encerrado com a solenidade de posse da nova diretoria da FENAJ, realizada às 19h, seguida de um coquetel de confraternização, celebrando a unidade construída ao longo dos dias de debates e reafirmando o compromisso da entidade com a defesa do jornalismo profissional e dos direitos da categoria.

O 40º Congresso Nacional dos Jornalistas conta com patrocínio da Caixa, Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Banco do Nordeste (BNB) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), além do apoio de diversas entidades nacionais e internacionais ligadas ao movimento sindical e à comunicação.