Por mais que nossos militares das Forças Armadas especializados em selva digam que o chamado pulo do gato jamais será ensinado, há aqueles que apontam como um equívoco inadmissível trazer um grande grupo de militares estrangeiros, principalmente de uma grande potência, para realizar adestramento militar na floresta amazônica, como deve ocorrer a partir de outubro, com a presença de pelo menos 300 soldados dos EUA.
“Eu não recomendaria! A própria navegação na Amazônia em embarcações de baixo calado, aquelas que têm real possibilidade de efetuar o desembarque discreto de soldados armados, exige perícia e conhecimento da área dificilmente aprendidos somente com o estudo de cartas náuticas locais. A nossa maior proteção, eu diria, nesse quesito em particular, é o fato dos estrangeiros não terem a menor ideia de como navegar nos nossos pequenos Rios e igarapés… Pra mim, quanto menos vierem aqui, melhor”, Diz um suboficial (A.R), que serviu por mais de 10 anos na região.
Outro militar, fuzileiro naval, A.N, que participou de missões com norte-americanos aqui no Brasil, diz: “numa hipótese de conflito eles já tem o local mapeado… toda missão militar em tempo de paz fora do país tem como objetivo secundário, um propósito de coletas de dados para um possível conflito.. . ”
Embora se comente pouco isso fora dos círculos militares, as Forças Armadas brasileiras consideram que existe o chamado Arco de Instabilidade Noroeste Sul Americano. Os militares brasileiros consideram essa região extremamente delicada justamente porque, principalmente Colômbia e Venezuela apresentam, na atualidade, ameaças que podem impactar de forma significativa no entorno regional brasileiro. Existe uma combinação de atores internos e externos que caso combinados tornam factível a ocorrência de uma crise internacional, com probabilidade de um conflito armado que pode envolver o Brasil.
Os norte-americanos também enxergam a região como “quente”, assim como nós, percebem uma Escalada no que diz respeito à influência de países como Rússia e China na região.
Segundo a Escola Superior de Guerra: Segurança Nacional é a condição que permite a preservação da soberania e da integridade territorial, a realização dos interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais. (BRASIL, 2015, p. 250).
Embora, como visto acima, existam militares que fazem observações pertinentes e são reticentes quanto ao adestramento de militares estrangeiros na Amazônia e sobretudo contra a oportunidade para que esses militares façam cursos como o de guerra na selva do exército e operações ribeirinhas da Marinha do Brasil, a maior parte dos militares das Forças Armadas não acreditam que isso pode interferir no caso de uma eventual invasão da nossa Amazônia.
Os exercícios militares com a presença de norte-americanos devem continuar e com a crescente preocupação dos EUA acerca da aproximação da Rússia e China com alguns países da região, os EUA tendem a se interessar mais por se familiarizar com a Amazônia.
Outros militares, como o Coronel A. RICARDO DA C. B., em sua monografia apresentada na ESG, apontam os vários acordos selados entre Brasil e EUA como prova de que vive-se ainda um “importante momento de reaproximação da histórica parceria estratégica entre os dois países… ao investir na parceria com a mais forte economia e o maior poder militar do planeta, criará oportunidades que irão contribuir para o seu desenvolvimento nacional, mitigando eventuais deficiências no campo militar, corroborando com o que prescreve a Política Nacional de Defesa…”.
Dados
Barreto, A. R. Conceição / A atual parceria estratégica Brasil-Estados Unidos da América: desafios para o preparo da Força Terrestre / Cel EB A. R. .Conceição B.- Rio de Janeiro: ESG, 2020. https://repositorio.esg.br/handle/123456789/1132?mode=full
Política Nacional de Defesa: https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/copy_of_estado-e-defesa/pnd_end_congresso_.pdf
Da redação do Diário do Acre, com informações da Revista Sociedade Militar