‘Sou a prova de que o diagnóstico precoce salva’, afirma servidora do TCE-AC que venceu câncer de mama

O diagnóstico que mudaria a forma de Shelley de ver a vida veio em junho de 2024, quando foi detectada uma alteração na mama esquerda.

Foi em um exame de rotina que a servidora do Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC), Shelley Torres, de 43 anos, ouviu a palavra que ninguém quer escutar: câncer. Ali, ela conheceu o impacto de receber esse diagnóstico. Mas, apesar do medo e da incerteza, agarrou-se à fé e ao apoio das pessoas ao seu redor para enfrentar o tratamento e vencer a doença.

O diagnóstico que mudaria sua forma de ver a vida veio em junho de 2024, quando foi detectada uma alteração na mama esquerda. A ginecologista solicitou uma biópsia, que confirmou a malignidade das calcificações apresentadas. O tumor tinha 1,4 centímetro, tamanho ainda imperceptível ao toque, sendo detectado apenas por exame de imagem.

“Eu já acompanhava a mama direita porque tenho um nódulo e, por isso, fazia acompanhamento a cada seis meses. Em outubro de 2023 estava tudo bem, e em maio de 2024 surgiu essa alteração. O tempo foi crucial para o diagnóstico e o tratamento, porque quando descoberto precocemente, a chance de cura é muito grande. E é por isso que digo que o tempo é crucial”, relembra.

Carcinoma

O exame de biópsia confirmou um carcinoma invasivo em estágio dois. Esse é o tipo mais comum entre as mulheres, classificado com grau de agressividade intermediário. Pouco mais de dois meses após o diagnóstico, Shelley estava em São Paulo, onde passou pela cirurgia de retirada do tumor.

“Naquele primeiro momento foi desesperador, justamente pela cultura de que o câncer é uma ‘sentença de morte’. Mas, com o tempo, fé, o apoio da família e dos amigos, entendi que era algo que eu podia vencer”, contou.

Outubro Rosa: a importância de falar sobre prevenção

A história de Shelley, assim como muitas outras, entram em evidência e ganham força neste mês de outubro, quando o mundo se une na campanha Outubro Rosa, movimento que reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil e, quando identificado em estágio inicial, as chances de cura ultrapassam 90%.

O dia 19 de outubro marca o Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama. E não só nesta data, mas em ato de rotina, a ginecologista e mastologista Laís Bulsoni reforça a importância dos exames regulares e da atenção aos sinais do corpo.

“Por isso estimulamos tanto a realização da mamografia. É o único exame que permite diagnosticar um câncer de mama em estágio clínico inicial, antes de qualquer manifestação, ou seja, antes mesmo de a paciente perceber alterações. A mamografia é o exame que reduz a mortalidade por câncer de mama. É por isso que, no Outubro Rosa, sempre batemos nessa tecla”, afirma.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) apontam que, apenas neste ano, até o início de outubro, foram identificados 115 novos casos da doença no estado, sendo 114 em mulheres e 1 em homem. A cada ano, são cerca de 75 mil novos casos no Brasil.

Diagnóstico precoce e fé no processo

O diagnóstico precoce foi o que permitiu que Shelley tivesse um tratamento menos invasivo. A cirurgia foi bem-sucedida, sem necessidade de retirada completa da mama. Durante o procedimento, ela passou por uma radioterapia intraoperatória, técnica moderna equivalente a múltiplas sessões de radioterapia externa.

Mesmo assim, a segunda fase do tratamento foi a mais difícil.

“Por ser um câncer hormonal, precisei fazer tratamento com medicação. Os efeitos colaterais foram muito fortes, então vieram a ansiedade, a insônia e o emagrecimento. Foi um período delicado, mas com acompanhamento médico e psicológico consegui superar. Hoje olho para trás e vejo o quanto fui forte.”

A servidora conta que hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática regular de exercícios, ajudaram muito em sua recuperação.

A dra. Laís também reforça que os bons hábitos são uma importante forma de prevenção. Assim como a mamografia pode detectar a doença no início e salvar vidas, uma vida saudável também é fundamental.

“Podemos dizer que 50% das neoplasias poderiam ser evitadas com simples mudanças de hábitos. Hoje percebemos um aumento expressivo nos diagnósticos oncológicos, já que a população mudou muito seu estilo de vida. Obesidade, sobrepeso, aumento do consumo de álcool, tabagismo e sedentarismo são fatores de risco. A Organização Mundial da Saúde recomenda 150 minutos de atividade física por semana como forma de prevenção, mas grande parte da população não atinge essa meta. Isso tem impacto direto no aumento da incidência do câncer de mama”, alerta.

Superação e nova forma de viver

Mais de um ano após o diagnóstico, Shelley celebra a vida com gratidão. O acompanhamento médico continua a cada três meses, mas ela se sente fortalecida, não apenas fisicamente, também mental e emocionalmente, com uma nova forma de enxergar a vida.

“Aprendi a não querer fazer tudo sozinha, a dividir, a pedir ajuda. Fomos criadas para sermos fortes e perfeitas o tempo todo, mas isso nos desgasta. É preciso cuidar da mente, do corpo e do coração.”

Ela conclui com uma mensagem de esperança. “Hoje estou bem, graças a Deus. Quero dizer a todas as mulheres: não tenham medo. Façam seus exames, e concluam o ciclo, apresentando ao médico, observem seus corpos e cuidem de si. Eu sou a prova de que o diagnóstico precoce salva.”

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