O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quarta-feira, 31, a legalidade da alteração do parque nacional Jamanxim, no Pará, para passagem da Ferrogrão, considerada uma das mais importantes obras de infraestrutura do país. A obra está parada desde 2021, quando o ministro Alexandre de Moraes suspendeu o avanço do projeto.
A ferrovia deve ter um trajeto de 933 quilômetros, poderá transportar 58 milhões de toneladas por ano e deve reduzir em 1 milhão de toneladas a emissão de CO2 por ano, pois vai reduzir a necessidade da circulação de caminhões para transportar a carga, formada principalmente por soja e milho.
A Ferrogrão deve começar em Sinop (MT) e seguir até Miritituba, distrito de Itaituba (PA). De lá, a carga poderá seguir de navio para portos da Ásia, África e Europa. Atualmente, o Brasil tem apenas 20 mil quilômetros de ferrovias em plena atividade, com um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, são 250 mil quilômetros de ferrovias. 65% do transporte no Brasil ocorre por meio de rodas, e as ferrovias representam apenas 15%.
Ministro do Agricultura sai em defesa da Ferrogrão
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ser favorável à Ferrogrão. “O Brasil não pode ficar refém de pouca logística ou de um modal só”, afirmou, no programa Roda Viva. “A integração entre os modais é assim no mundo inteiro e não há nada mais sustentável do que uma ferrovia.” Para ele, se houver poucas locomotivas substituindo viagens de 3 mil caminhões por dia, o impacto em emissões será grande. Favaro afirmou ainda que caso seja tecnicamente preciso fazer ajustes no licenciamento, eles serão feitos, “mas em hipótese alguma será tirada essa oportunidade de competitividade e de sustentabilidade do povo brasileiro.”

Hipocrisia ambiental
O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil) disse que vê hipocrisia ambiental diante de “pequenas” justificativas que travam o futuro da Ferrogrão. Segundo ele, os “inimigos” do país tentam criar barreiras para impedir o agronegócio brasileiro de ser uma grande potência mundial na produção de alimentos.
“Então são pessoas que ficam falando de meio ambiente, não dá para levar a sério um negócio desse. Não parece sério. Os nossos inimigos do Brasil estão cuidando desse chamado meio ambiente, para prejudicar o país e a Ferrogrão é algo parecido. Parece que alguém que quer ser contra a nossa logística, efetividade, eficiência, não quer deixar o agronegócio [crescer]. Porque é a única atividade que compete no mundo inteiro e nós precisamos de um meio de transporte que o mundo inteiro usa”, disse.