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STJ suspende por 90 dias ‘atividades econômicas’ de empreiteiras ligadas à família de Gladson, diz Estadão

Na Operação Ptolomeu, que põe Gladson Cameli sob suspeita de liderar esquema de fraudes milionárias em licitações de obras da educação e infraestrutura, a ministra Nancy Andrighi estendeu ao pai e a um irmão do chefe do Executivo medida que interrompe negócios de construtoras.

Empresas ligadas à familiares do governador do Acre Gladson Cameli estão entre os principais alvos da medida cautelar de ‘suspensão do exercício de atividade de natureza econômica’ decretada pela ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça, no bojo da terceira fase da Operação Ptolomeu – investigação sobre supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a cúpula do Governo do Acre.

A restrição tem prazo mínimo de 90 dias e atinge não só as empresas, mas pessoas ligadas a Cameli – seu pai Eládio Messias Cameli e seu irmão Gledson de Lima Cameli. O primeiro é apontado como sócio-administrador da Construtora Etam e o segundo como sócio-administrador da Construtora Rio Negro. Ambas as empresas estão na mira da investigação sobre supostos desvios no bojo de obras de infraestrutura e manutenção de unidades de saúde e escolas.

Documento

A terceira etapa da Operação Ptolomeu foi aberta na última terça-feira, 9, para cumprir 89 mandados de busca e apreensão em endereços do Acre, Piauí, Goiás, Paraná, Amazonas, Rondônia e Distrito Federal. A relatora da investigação, ministra Nancy Andrighi, determinou o bloqueio de R$ 120 milhões dos investigados.

A ordem atingiu inclusive o chefe do Executivo acreano, que também teve seu passaporte apreendido. O STJ ainda determinou a suspensão do exercício da função pública de servidores sob suspeita, entre eles o chefe da Representação do Governo em Brasília Ricardo Augusto França da Silva – antigo aliado de Cameli.

Como mostrou o Estadão, entre os elementos que colocaram a PF no rastro do suposto esquema de desvios em contratações na Saúde e Infraestrutura está um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando vinte comunicações de movimentações financeiras suspeitas envolvendo o governador do Acre. As transações notificadas ultrapassam a marca de R$ 828 milhões.

O ponto de partida das apurações foi uma gravação, obtida a partir de interceptação telefônica, que sugere que o governador teria sido destinatário de R$ 70 mil em propinas. Ao pedir autorização do STJ para fazer buscas contra o governador, a Polícia Federal chegou a levantar suspeitas sobre o uso de agentes das Forças de Segurança para movimentar valores em espécie com origem supostamente irregular.

Já entre as informações que deram fundamento para a segunda fase da operação está uma gravação feita por câmeras de segurança de um hotel em Cruzeiro do Sul, município a 636 quilômetros de Rio Branco. O vídeo mostra o momento em que assessores de Camelli escondem um celular para evitar que ele fosse apreendido durante buscas da primeira fase da Ptolomeu.

COM A PALAVRA, O GOVERNADOR DO ACRE

Quando a terceira fase da Operação Ptolomeu foi deflagrada na terça-feira, 9, o governador do Acre, Gladson Cameli, divulgou nota em que afirmou:

“A respeito das ações da Operação Ptolomeu, promovida pela Polícia Federal, o governador do Acre, Gladson Cameli, tem a declarar que:

a. Essa é mais uma etapa da operação de mesmo nome. Com o andamento do processo, o governador confia que tudo será apurado e esclarecido;

b. Mais uma vez, o governador se coloca à disposição das autoridades, colaborando com mais essa etapa das investigações;

O governador reafirma o seu apoio e confiança na Justiça, para que a verdade sempre prevaleça.”

Da redação do Diário do Acre, com informações de Pepita Ortega e Fausto Macedo, do Estadão.

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