Segundo Mendonça, isso deve ocorrer, porque as cadeias menores ficam sem mercado, sem possibilidade de redirecionar as exportações. “Para os segmentos menores que recebem a tarifa, vai ser uma pancada que provavelmente tira do mercado por um certo tempo. […] O mel do Piauí tem muitas coisas específicas e daí se justifica esperar uma ajuda do governo”, afirmou nesta sexta-feira, 08, durante o evento SomosCoop + B3, organizado pelo Sistema OCB em comemoração ao Ano Internacional das Cooperativas.
Carne Bovina
No caso da carne bovina, que tem os EUA como o segundo principal mercado comprador, a percepção é de um impacto momentâneo. Mendonça observa que, agora, é esperado uma parada de negócios, com os produtores de hambúrguer norte-americanos sentindo falta da matéria-prima adequada e isso, deve desencadear, nos próximos meses, um rearranjo do mercado.
“Países que não têm tarifa de 50% passarão a exportar para os EUA, e nós exportaremos para aqueles que deixarem de atender terceiros mercados por causa da tarifa. Haverá, portanto, um rearranjo: aumentará a exportação da América Latina para os Estados Unidos, enquanto nós passaremos a atender outros destinos”, explicou.
Café
Já no caso do café, o especialista aponta que veremos “um teste de interesses”, pois não há outro país com oferta para vender 8 milhões de casas de café ao mercado norte-americano, suprindo o espaço do Brasil. “Mesmo que considere metade, digamos assim, não tem substituição para isso”, salienta.
Assim, Mendonça acredita que o setor brasileiro está diante de um cenário semelhante ao do suco de laranja que entrou na lista de exceções às tarifas. “Então, isso vai pressionar a inflação, que deve aumentar nos Estados Unidos, ou eles terão que excepcionar o café. É uma dor de cabeça, sem dúvida, mas não é nada que comprometa significativamente o setor, especialmente em um momento de preços bastante razoáveis”, destacou.
Apesar do impacto esperado das tarifas na economia brasileira, devendo tirar 2% do crescimento total do PIB deste ano, conforme projeções, Mendonça pontuou que o agronegócio seguirá crescendo. “O agronegócio não só liderou e lidera o crescimento do PIB, como continuará liderando devido ao aumento de produtividade, atrelado ao uso de tecnologias”, disse.