Entende-se tecnologia como um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas da pesquisa. A agropecuária brasileira é um exemplo claro da sintonia entre a tecnologia com este importante segmento, que tem resultados surpreendentes a cada safra.
Em 2021, o País registrou marcas importantes no agro: foi o maior exportador mundial de soja do planeta (91 milhões de toneladas), terceiro maior produtor de milho e feijão (105 milhões e 2,9 milhões de toneladas, respectivamente). Mais de um terço da produção mundial de açúcar é gerado aqui, sendo o país líder na produção. E o maior volume de carne bovina exportada para o mundo também saiu daqui (2,5 milhões de toneladas).
A razão do sucesso do Brasil na agropecuária tem ocorrido em função do desenvolvimento tecnológico traduzido na eficácia e qualidade produtiva no campo, reconhecido como um dos segmentos mais importantes da economia brasileira. Segundo projeções da Secretaria de Política Agrícola e Pecuária (SPA) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a próxima safra de grãos no Brasil (2022/2023) deverá alcançar perto de 320 milhões de toneladas, ou seja, 45 milhões de toneladas acima da safra 2021/2022. A previsão da safra de soja americana para 2023, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), é estimada em 117,03 milhões de toneladas. Trata-se da demonstração clara da importância da tecnologia na agropecuária brasileira aliada ao interesse dos agricultores no domínio das técnicas de produção que evoluem a cada safra.
Produzir mais, com menor custo, ser mais eficiente e sustentável é algum dos principais objetivos da aplicação da tecnologia no campo. A indústria de máquinas tem sido uma importante aliada do segmento agrícola, criando maquinários modificados, aprimorados com alta tecnologia nos sensores e softwares integrados a sistemas que permitem uma série de tarefas, como medir a profundidade de plantação da semente e a distância entre elas, além de tantas outras tarefas como pulverizações, colheitas, algumas das quais operadas por computador.
É claro que os principais fatores impulsionadores da agropecuária brasileira, além das condições naturais favoráveis, têm sido o mercado interno e a demanda internacional via exportações. Mesmo assim, opiniões um tanto desfavoráveis ao segmento agropecuário brasileiro têm impedido esforços governamentais na melhoria da infraestrutura, entendida como investimentos em logística, área portuária, rodovias, ferrovias, crédito agrícola ao alcance de todos, acesso a inovações tecnológicas e, principalmente, o fortalecimento da pesquisa nacional da Embrapa, um tanto enfraquecida nos últimos tempos, mas uma das grandes responsáveis pelo estágio atual das inovações tecnológicas no campo.
A geração de novos conhecimentos voltados para o segmento agropecuário não pode parar. A tecnologia tem sido transformadora e assim deve ser entendida. Ela atua como suporte para o gerenciamento de riscos em todas as fases da produção, seja na lavoura ou na pecuária. Além disso, é fato que, a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, a agricultura 4.0 ganha ainda mais espaço no mercado, ou seja, os sistemas passam a ter cada vez mais integração por meio de softwares, sistemas e equipamentos que atuam na produção em todas as suas etapas. A guerra em andamento, com graves problemas para a produção agrícola da Ucrânia, terceiro maior produtor e exportador mundial de grãos, certamente favorecerá ainda mais a demanda por produtos agropecuários brasileiros.
João Carlos M. Madail
Economista, professor, pesquisador e diretor da ACP
jocar2148@gmail.com