No entanto, devido à menor produção nacional, espera-se uma expansão nas importações de milho, projetadas em 2,5 milhões de toneladas para a safra 2023/24.
A análise da atual safra de milho revela que até o momento, 68,1% da área designada para o cultivo já foi colhida. Os estados do Sul do Brasil estão próximos de concluir essa etapa, enquanto São Paulo já finalizou suas colheitas. Por outro lado, Maranhão, Piauí e Goiás ainda estão nas fases iniciais dos trabalhos agrícolas.
É observado que em muitos estados produtores, as produtividades alcançadas ou previstas estão abaixo das registradas no ciclo anterior, principalmente devido a condições climáticas desfavoráveis durante esta safra. No entanto, houve algumas exceções notáveis. No Pará e no Piauí, a produtividade foi semelhante à safra anterior. No Rio Grande do Sul, embora as produtividades estejam abaixo das expectativas dos produtores, é esperado um rendimento de 6.297 kg/ha, um aumento de 40,3% em relação ao ciclo anterior.
Quanto às projeções para a safra 2023/24, estima-se que a área cultivada seja de 3.995,4 mil hectares, representando uma redução de 10,1% em relação à safra anterior. A produção esperada é de 23.490 mil toneladas, o que representa uma diminuição de 14,2% em comparação com o ciclo de cultivo anterior.
Primeira safra
Na safra 2023/24, o Rio Grande do Sul dedicou cerca de 814,6 mil hectares ao cultivo de cereais, sendo 15% dessa área irrigada. A colheita foi afetada por atrasos devido à priorização da soja e chuvas frequentes. O Planalto Superior relatou perdas inesperadas na produção de milho. No Paraná, uma redução de 13,8% na produtividade foi atribuída a temperaturas elevadas, falta de água e ataques de pragas. Em Santa Catarina, condições climáticas adversas afetaram o peso dos cereais. No Meio Oeste, a colheita é satisfatória após um início adverso.
Minas Gerais enfrentou atrasos devido à estiagem, resultando em uma produtividade menor. São Paulo registrou redução na produtividade devido à falta de chuvas e infestações de pragas. Em Goiás, algumas áreas já estão prontas para colheita, enquanto outras enfrentaram redução na área cultivada. Mato Grosso do Sul observou uma queda na produtividade devido a períodos de escassez de água. No Distrito Federal, a produtividade foi estável, mas houve uma pequena redução na área plantada. Na Bahia, as chuvas recentes beneficiaram a colheita, embora a qualidade tenha sido inferior à safra anterior.
No Piauí, a produtividade deve ser semelhante à safra anterior, apesar do atraso no plantio e déficit hídrico. No Maranhão, condições favoráveis levaram a uma boa produtividade, apesar da redução na área plantada em algumas regiões. No Pará, a colheita da primeira safra foi dentro das expectativas, mas a qualidade foi inferior à safrinha. No Acre, condições climáticas adversas inicialmente afetaram a produção, mas a regularização das chuvas favoreceu o desenvolvimento da cultura. Em Rondônia, as chuvas regulares proporcionaram um bom desenvolvimento das lavouras, com expectativa de produção sem grandes perdas.
Análise da Segunda Safra de Milho no Brasil para 2023/24
A segunda safra de milho está em foco, principalmente nas regiões onde os estádios reprodutivos predominam. No contexto atual, as atenções se voltam para as precipitações recentes e as previsões de chuvas.
Em Mato Grosso, a maioria das plantações está na fase de enchimento de grãos, apresentando bom desenvolvimento e reservas hídricas adequadas no solo. No entanto, em Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte do Paraná, a redução das chuvas em abril causou sintomas de estresse hídrico em várias áreas, prejudicando o potencial produtivo.
Nas demais regiões produtoras, as plantações estão se desenvolvendo bem, apesar de alguns atrasos na implantação do cereal.
Para a safra 2023/24, a área cultivada está projetada em 15.990,4 mil hectares, representando uma redução de 7% em relação à última safra. A produção esperada é de 86.155,1 mil toneladas, refletindo uma queda de 15,8% em comparação ao ciclo anterior.
A análise estadual revela uma variedade de condições climáticas e desafios enfrentados pelos produtores de milho em diferentes regiões do Brasil. Em Mato Grosso, as chuvas ao longo de abril foram favoráveis, proporcionando um ambiente propício para o desenvolvimento vegetativo do milho, aumentando as expectativas de rendimento em relação às estimativas iniciais, embora ainda esperadas abaixo da temporada anterior. Além disso, pragas e doenças estão sendo monitoradas e controladas, e a maioria dos cultivos está na fase de enchimento de grãos.
No Paraná, a área cultivada de milho diminuiu devido a problemas como a cigarrinha na safra passada, resultando em custos mais altos e preços reduzidos, o que impactou a rentabilidade. As condições climáticas, particularmente o clima seco e quente desde o início da cultura, contribuíram para uma estimativa de produtividade menor do que na última temporada, especialmente em áreas onde a falta de chuva é mais pronunciada.
Em Mato Grosso do Sul, a situação climática varia entre as diferentes regiões do estado. Enquanto o centro-norte experimentou precipitações adequadas, houve atrasos no desenvolvimento devido à nebulosidade. Por outro lado, o centro-sul, oeste e sudeste enfrentaram déficit hídrico e altas temperaturas, resultando em perdas significativas em algumas áreas, com previsões indicando um retorno à onda de calor, o que pode agravar ainda mais as perdas produtivas.
Em Goiás, as lavouras estão em estágios diversos de desenvolvimento, mas cerca de 30% delas ainda necessitam de chuvas significativas para alcançar a produção esperada. Essa análise destaca a complexidade da situação, com as condições climáticas desempenhando um papel crucial na determinação do sucesso da safra de milho em cada região, destacando a importância da monitorização contínua e adaptação às condições climáticas em evolução.
Na região oeste, a área destinada ao cultivo de milho está estimada em 118,1 mil hectares, representando uma redução de 25% em relação à última safra. Esse declínio foi ocasionado pelo prolongamento do cultivo da soja, diminuindo a janela de plantio do milho segunda safra. As áreas destinadas ao milho foram substituídas por culturas alternativas, como sorgo, milheto, pastagem e até mesmo gergelim, todas apresentando um bom desenvolvimento devido às chuvas ocorridas na primeira quinzena do mês. No sudoeste do estado, a maioria das lavouras está entre os estágios de floração e maturação, com mais de 80% delas consideradas salvas, embora dependam de chuvas adicionais para atender às demandas hídricas da fase reprodutiva. Na região sul, embora as lavouras apresentem bom aspecto visualmente, há uma forte pressão da cigarrinha em quase todas as áreas, exigindo medidas intensivas de controle fitossanitário.
Na região leste, houve uma redução de 9,5% na área de plantio em comparação com a safra anterior, devido ao encurtamento da janela de plantio. As lavouras estão em diversos estágios de desenvolvimento, desde a fase vegetativa até o enchimento de grãos. As plantações realizadas dentro do calendário ideal devem apresentar bom rendimento, enquanto aquelas semeadas após o prazo ideal enfrentam incertezas devido à escassez de chuvas. No Distrito Federal, as lavouras de segunda safra estão predominantemente na fase de maturação, com excelente sanidade, embora a área semeada tenha sido reduzida em 12,5% em comparação com a safra anterior, devido ao atraso no plantio da primeira safra.
Em Minas Gerais, o plantio se estendeu até o início de abril, além da janela ideal de cultivo, devido ao volume de chuvas recebido em março, acima da média. No entanto, as áreas plantadas fora do prazo ideal possuem um menor nível tecnológico e enfrentam questões fitossanitárias, como a Diplodia maydis, que pode reduzir a produtividade. Em São Paulo, a irregularidade das precipitações e as altas temperaturas comprometeram o desenvolvimento e o potencial produtivo do milho. Na Bahia, as chuvas recentes beneficiaram as lavouras de segunda safra, mas a expectativa de chuvas pouco significativas nos próximos meses pode prejudicar o desempenho das plantações.
Na Paraíba, a estabilização das chuvas permitiu o avanço dos plantios, com a maioria das áreas apresentando boas condições. Houve um ataque severo de lagartas na fase inicial, exigindo replantio em algumas regiões, mas as lavouras estão predominantemente em desenvolvimento vegetativo e floração.
No Maranhão, o plantio da segunda safra de milho teve atrasos devido ao plantio tardio da soja, resultando numa redução de 14,5% na área cultivada em comparação com a safra anterior. Em Pernambuco, o plantio foi postergado até haver umidade suficiente no solo, com áreas semeadas em janeiro enfrentando estresse hídrico. No Ceará, as chuvas acima do esperado favoreceram o desenvolvimento da cultura, enquanto no Piauí, apesar das boas condições meteorológicas, há problemas sérios com ataques de lagartas, aumentando os custos de produção. Tocantins tem recebido chuvas benéficas para o desenvolvimento das lavouras.
Análise da terceira Safra de Milho no Brasil para 2023/24
O plantio da terceira safra de milho teve início em várias regiões produtoras, com um clima favorável, caracterizado por precipitações bem distribuídas. A área cultivada estimada para a safra 2023/24 é de 632,5 mil hectares, embora o dimensionamento ainda não esteja completamente definido.
Na Bahia, as chuvas recentes foram favoráveis para iniciar o plantio na região nordeste, com menos de 5% da área implantada. As lavouras estão em fase inicial, com boas condições de germinação. Em Alagoas, as chuvas têm beneficiado especialmente a região da bacia leiteira, onde as primeiras lavouras foram semeadas e estão com boa germinação.
Em Sergipe, os plantios começaram em abril, com alguns municípios mais avançados do que outros devido às variações nas precipitações. Apesar do progresso em alguns locais, como Itabaianinha, Umbaúba e Cristinápolis, Poço Verde enfrenta irregularidades nas chuvas, prejudicando o preparo do solo. Cerca de 15% da área de milho já foi semeada em todo o estado, com expectativa de concentração dos plantios em maio e junho, quando as condições climáticas devem ser mais favoráveis.
A análise geral revela um início promissor para a terceira safra de milho, com condições climáticas favoráveis em várias regiões produtoras. No entanto, variações na distribuição das chuvas podem afetar o progresso do plantio em algumas áreas, destacando a importância da monitorização contínua das condições meteorológicas para o manejo eficaz das lavouras.
Oferta e demanda
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma redução significativa na produção total de milho para a safra 2023/24, estimando 111,6 milhões de toneladas, uma diminuição de 15,4% em relação à safra anterior. Essa queda é atribuída principalmente ao encolhimento da área plantada, com uma redução de 7,4%, e à diminuição da produtividade prevista.
Para atender à crescente demanda doméstica, a Conab projeta um aumento de 5,5% no consumo interno, totalizando 84 milhões de toneladas de milho consumidas ao longo de 2024.
No entanto, devido à menor produção nacional, espera-se uma expansão nas importações de milho, projetadas em 2,5 milhões de toneladas para a safra 2023/24. Por outro lado, as exportações devem diminuir significativamente, com uma estimativa de 31 milhões de toneladas, 43,3% a menos que na safra anterior. Isso se deve à redução da oferta brasileira e à concorrência das boas safras dos Estados Unidos e Argentina.
Como resultado, prevê-se que o estoque de milho em fevereiro de 2025 seja de 6,2 milhões de toneladas, uma redução de 12% em relação à safra anterior. Essas projeções sugerem um cenário desafiador para o mercado brasileiro de milho em 2024, com impactos na balança comercial e nos estoques nacionais.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira, do Compre Rural.