Às vésperas do anúncio do novo Plano Safra, a senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), demonstrou preocupação com o possível aumento dos juros e a falta de recursos. Segundo ela, taxas que superem os 15% da Selic tornam o crédito rural inviável. “A agricultura não consegue ser feita com 20% de juros, é inviável. Precisamos de crédito acessível, seguro rural e juros que caibam no bolso do produtor”, afirmou nesta quarta (26), durante evento em Mato Grosso do Sul.
Tereza participou do lançamento de um programa de produtividade do milho em Ponta Porã (MS), e, em discurso para cerca de 100 produtores, alertou: “Este será um ano muito difícil. Ninguém sabe o que vem no Plano Safra. O seguro rural foi cortado ao meio”. O contingenciamento de R$ 445 milhões do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) preocupa entidades do setor.
Paulo Renato Stefanello, da Aprosoja-MS, reforçou a crítica: “Tem muita promessa, mas cortaram quase pela metade o subsídio ao seguro rural. Isso vai impactar muito”. Fábio Caminha, da Famasul, acredita que os juros mais altos são inevitáveis: “O Plano Safra deve vir mais caro. Já tivemos cortes no seguro, então a expectativa não é boa”.
No ciclo atual (2024/25), grandes produtores acessaram crédito a 12% ao ano, com a Selic em 10,5%. Para Stefanello, juros acima disso inviabilizam a produção. “O que mais pesa é o custo do dinheiro”, reforçou.
O governador Eduardo Riedel também participou do evento e disse que as safras frustradas dos últimos anos levaram os produtores à descapitalização. “Com juros altos, fica difícil manter a atividade. Talvez haja estagnação no crescimento e nos investimentos em tecnologia”, avaliou.