A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, marcou para o dia 12 de março uma visita ao Canadá, que é um grande de produtor de fertilizantes, com destaque para o potássio. O objetivo da viagem é dar início a conversas e negociações para evitar o desabastecimento de fertilizantes no Brasil, depois que a Rússia anunciou o corte no fornecimento. Segundo ela, o estoque atual do país é suficiente para o uso na Agropecuária brasileira até o mês de outubro.
Tereza Cristina ressaltou que o Brasil é 93% dependente da exportação de potássio para manter boa a sua produção agropecuária, mas que, mesmo diante desse risco, o Brasil não deverá enfrentar problemas de desabastecimento alimentar em 2022.
“Eu não vejo aí [a possibilidade de] desabastecimento dos nossos produtos para o Brasil. A gente pode ter uma produtividade um pouco menor. Desde ontem nós montamos uma caravana da Embrapa para ir até o campo, fazer um estudo de solo rapidamente com os produtores para ver o que nós podemos usar um pouco menos de fertilizantes. Tem gente que usa o máximo de fertilizante para obter o potencial máximo da planta. Então, nós queremos saber se a gente pode usar menos fertilizantes e ter um potencial razoável. Em vez de produzir 76 sacos, se chover bem, consiga produzir 65. Continuaria produzindo bem, mas usando, neste ano, que vai ser um ano mais complicado, essa safra de verão, que a gente possa com menos fazer mais. Essa caravana da Embrapa deve partir na semana que vem para vários Estados. Então, não vejo desabastecimento. O que nos preocupa é a inflação. A nossa grande preocupação hoje é a inflação, o preço dos alimentos”, explicou a ministra.
Tereza Cristina ainda destacou que a inviabilidade de exportação de fertilizantes por parte da Rússia não se deu como retaliação ao Brasil, mas por consequência das sanções que o país sofre de diversas nações após invadir a Ucrânia, há uma semana. “Quero deixar bem claro que a Bielorrússia e nem a Rússia e deixaram de exportar ou fizeram algum comunicado aqui para o Brasil de não exportariam mais fertilizantes para o Brasil. O problema são os navios, as sanções econômicas, as dificuldades dos pagamentos é que dificultam esse momento aí entre Rússia e Bielorrússia nas exportações”, disse.
Questionada sobre a dependência do Brasil da importação de potássio para o agronegócio, Tereza ainda defendeu a produção interna e criticou a legislação ambiental por dificultar a produção, diante da proteção de áreas territoriais específicas. “Sempre que acontece uma grande crise também é o momento de grandes oportunidades. Eu acho que esse é o momento do Brasil refletir o nosso potencial, porque nós não utilizamos internamente esse potencial, porque isso é segurança nacional. A segurança alimentar é segurança nacional. Todo país precisa ter essa segurança para o seu cidadão. E produzir aqui no Brasil pelo menos boa parte do nosso potássio… depender 93% é muito crítico, é muito delicado. E quando temos um momento como esse, em que dois países grandes exportadores de potássio têm problemas, nos causam toda essa dificuldade. Nós temos a região de Altazes, que tem um potencial enorme, foi descoberto lá uma grande mina, uma grande jazida e potássio de alta qualidade, mas que tem os entraves burocráticos por conta do nosso código florestal, das nossas licenças ambientais, que demoram demais, também do Ministério Público, aí também tem o problema de terras indígenas próximas, enfim. Tudo isso demora muito. Eu acho que o Brasil precisa pensar que nós temos um mecanismo de compensação. Quando existe uma jazida como essa numa localidade, como compensa isso para poder utilizar o potencial dessa jazida tão importante para alimentar o Brasil e o mundo”, finalizou.