Continua o revezamento de políticos e dirigentes diante das câmeras para recitar os mantras da campanha do peemedebista, Marcus Vianna. Bem se poderia aproveitar a presença rotineira de tais figuras para cobrar-lhes um mínimo de coerência. Ora, se as eleições não possuem qualquer conteúdo ideológico como propagam, por que cargas d’água essa cantilena dia sim, dia também, do “Marcus é de centro”? Por que a incessante busca por um nome de “direita” para a vice, visando amenizar o vermelhão do candidato? Não seria mais fácil, já que o candidato é “peemedebista”de nascença, convidarem um medalhão do PT para a posição de vice? Fica a impressão de que nem mesmo eles acreditam no que dizem.
Como último recurso, deram para exibir como “atestado de esquerdice” a militância adolescente e antigos acordos eleitorais de oposicionistas. A ideia é homogeneizar os discursos para confundir o eleitor e dele tirar um voto despolitizado. Lembremos Georges Clemenceau (1841-1929), estadista, médico e jornalista francês, Primeiro-Ministro da França durante a Primeira Guerra Mundial (1917-1920), período em que se tornou um dos principais líderes da coalizão aliada contra os impérios centrais (Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Bulgária). Atribui-se primeiramente a ele a frase depois repetida milhões de vezes:“Quem na juventude não foi de esquerda, não tem coração. Quem depois da maturidade ainda é, não tem cérebro”. A sentença serve como uma luva para explicar o passado de muitos de nós, que eventualmente estivemos alinhados com os movimentos socialistas na juventude.
Eu mesmo, se me permitem dizer, pertenci ao campo da esquerda. Fui líder estudantil aos 20, comandei greves aos 21, corri da polícia, fui detido e interrogado por agentes do Estado aos 22 e tive o nome vetado para cargo público federal face ao meu histórico aos 24. Enfim, cumpri o rito de passagem de quem na juventude tem muito coração e pouquíssimo cérebro. A questão é que alguns, pela experiência e/ou pelo estudo, se emancipam, tornam-se intelectualmente adultos, libertam-se da manipulação cultural, enquanto outros permanecem algemados às ideias juvenis. Estes últimos são uma espécie de Peter Pan (J. M. Barrie, 1902) ideológico, eles têm profundo medo do mundo adulto, que na política é aquele independente do Estado.
Nos dias atuais, a esquerda, renovada em sua agenda, mas com o mesmo DNA intervencionista, controlador e autoritário do século XX, continua atraindo os jovens, sinalizando as pautas mais adequadas à sua condição. Racismo, ambientalismo, liberação das drogas, feminismo, descriminalização do aborto, LGBT…Z, ateísmo etc., são temas imediatamente assimilados pela juventude sem que se lhes exija um mínimo de reflexão ou estudo. No fundo, toda essa pauta traz os germes inoculados na sociedade há mais de 150 anos.
Ocorre que, em desvantagem na opinião pública brasileira e em franca derrocada na Europa como se viu em eleições do último domingo (09/06) e, ainda, às vésperas de uma derrota marcada para novembro nos EUA, os esquerdistas acreanos resolveram sair da cena, se escafederam. Note-se que até em suas propagandas institucionais o PT tem evitado chamar seus indefectíveis líderes locais. Por que será? pergunta-se um neurônio curioso.
Arrisco dizer que nas próximas eleições, embora tenha seu candidato na barriga do MDB, o PT, cabreiro com os últimos resultados e vendo o governo Lula já acelerando a corrupção (escândalo das Licitações na CONAB), não estará à vontade para protagonizar o processo eleitoral. Pouco frequentará o palco, ficará na penumbra manejando os cordões, o que, aliás, já é perceptível para olhos treinados.
O produto petemedebista está sendo finamente dilapidado com uma roupagem nova. Nada de debates ideológicos, nada de pautas partidárias, nada de defesa do lulopeemedebismo, nada de recordações incômodas, nada de olhar o desastre econômico em curso. Todo o esforço será no sentido de fazer a “eleição do buraco na rua” e misturar-se ideologicamente com o adversário. Não tenho nem coragem de perguntar o que pensa disso a esquerda raiz da universidade, por exemplo. Estariam felizes com esse “fazemos qualquer negócio”? Não duvido.
É hora, portanto, dos candidatos pertencentes ao espectro político de direita começarem a olhar para a próxima campanha como preparação das eleições de 2026, quando serão renovados a bancada na Câmara, 2/3 do Senado, a Assembleia Legislativa e o Governo do Estado. A esquerda e sua pauta danosa é representada no Acre pela candidatura do petemedebista e ponto final. Mesmo que não queira, ela terá que carregar o fardo nos ombros e explicar o esquerdismo ao qual se filia. Essa falácia de “eu sou de centro”, criada para enganar o eleitorado precisa ser desde logo desvendada para a opinião pública.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com