Sigo a série dedicada a avaliação do governo do Acre nos últimos seis anos, nos termos das publicações anuais de competitividade, pelo Centro de Liderança Pública – CLP, trazemos desta vez alguns dados e inferências relacionadas ao pilar Infraestrutura que no cômputo geral do índice tem peso de 11,4 em 2018 e 11,3 em 2024. Anteriormente, publicamos aqui no Diário do Acre, análises relativas à Segurança Pública, Sustentabilidade Social, Capital Humano Sustentabilidade Ambiental, Potencial de Mercado e Educação.
É sabido que a infraestrutura desempenha um papel crucial no desenvolvimento regional, atuando como a espinha dorsal que sustenta o crescimento econômico e social. Ela facilita o fluxo de bens, serviços e pessoas, reduzindo custos de produção e transporte, conectando mercados e estimulando o comércio. Além disso, uma infraestrutura adequada atrai investimentos, gera empregos, melhora a qualidade de vida da população através do acesso a serviços básicos como água, energia e saneamento, e promove a inclusão social e a redução das desigualdades regionais. Pode-se dizer, em resumo, que a infraestrutura é um catalisador essencial para o desenvolvimento sustentável e equilibrado de um determinado território.
Sendo assim, é rigorosamente indispensável que um estudo de competitividade tenha este pilar em alta ponderação. Já em 2018 o Global Competitiveness Report, publicação do Fórum Econômico Mundial, o Brasil estava na 73ª colocação dos 137 países avaliados no pilar de infraestrutura. Não de agora, a oferta inadequada de infraestrutura é um dos principais problemas para a competitividade do Brasil.
Naquele ano o índice do CLP ponderou o pilar com 12,9% do total. O modelo reduziu a ponderação posteriormente e, em 2024, foi de 11,6%, mesmo assim, continuou sendo o segundo mais importante entre os dez avaliados. Em 2018, o pilar foi construído a partir da observação de dez indicadores e, em 2024, com algumas alterações manteve o número. Em 2018 o Acre ocupava a última posição e em 2024 passou à 24ª. Os resultados de cada indicador são demonstrados na tabela 1 abaixo:

Os destaques positivos da tabela são a evolução substancial nos itens referentes às telecomunicações e o custo da energia elétrica. O negativo é a permanência do Acre em último lugar em termos de disponibilidade de energia elétrica. Parece indicar uma estranha combinação de baixa oferta e diminuição de custo.
Na tabela 2, abaixo temos a demonstração das variações de cada estado da região no período, o que pode ajudar a compreender melhor a posição de cada um no ranking.

Como se pode observar, não há o que comemorar no período. Os estados da região Norte praticamente andaram de lado e, Rondônia, que em 2018 estava nas primeiras colocações, teve um drástico movimento para baixo no ranking. O Acre foi o que ganhou mais posições (3) e, no geral, a região se deslocou ainda mais para baixo, denunciando a crônica falta de investimentos na região, coerentemente com a noção plenamente acolhida de que o Estado brasileiro quer engessar a região.
No seu relatório de 2018, um documento da CNT (AQUI) apontava a necessidade de investimentos da ordem de 233 bilhões de reais apenas no setor de transportes. Para o Acre foram previstos vinte e um projetos. Quantos deles foram executados? Quantos estão na mesa para serem reapresentados? Que sinais há de que venham a ser considerados? Sem infraestrutura, será uma utopia a projeção de aumento da competitividade do Estado do Acre.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWSe, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.