Uma semana após a carta de Trump ao governo brasileiro, em que explica e aplica uma sanção tarifária de 50% sobre os produtos exportados para os EUA, já é tempo de o consórcio Lula-STF esboçar uma reação minimamente racional. Infelizmente, ainda não saiu, estão entre o bater cabeças e a negação.
Em primeiro, Lula arrotou fanfarronice, o bravateiro saiu na mídia em entrevista maluca dizendo que taxa cá, taxa lá, taxa cá, taxa lá… era a reciprocidade de gogó, a defesa da “soberania” de quem entregou a Amazônia ao FEM. Em seguida, o falastrão foi pra debaixo do pé de jabuticaba debochar do Trump. Depois, deu a Alckimin a missão impossível de agrupar os interessados e buscar uma saída exclusivamente tarifária. Paralelamente, mandou a tigrada espalhar que a culpa é do Bolsonaro, como se o ex-presidente, a quem chamam de tosco e ignorante, tivesse prestígio para induzir as ações do homem mais importante do planeta.
Bem, se o brasileiro precisava de um bando de inúteis à frente do governo, é certo que já o tem. Parece que esse povo NÃO SABE LER. Está escrito com todas as palavras na carta em que Trump anuncia a tarifa. O primeiro parágrafo termina com a frase “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”. O segundo parágrafo inicia tratando da “violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”. Somente no terceiro, ele vem tratar de comércio. Em seus termos “além disso” (perseguição e censura), há causas tarifárias. Qual é a dificuldade em entender do que se trata? A questão comercial é a TERCEIRA motivação.
Fugindo do real problema, o governo brasileiro se agarra ao terceiro parágrafo, dizendo que os dois primeiros são de responsabilidade da justiça e são inegociáveis, bla, bla, bla. Da outra banda do consórcio, Barroso sai com uma cartinha ridícula dizendo que por aqui está tudo certo e justo e, assim, o concerto Lula-STF firmam posição “em defesa da soberania”. De ontem para cá, entrou em cena o parlamento, com seus dois presidentes – o estadista de Macapá e o príncipe de Patos da Paraiba, lambendo o chão por onde passa o Alexandre de Moraes e repetindo a cantilena do Governo. O ungido, Alckimin, que posou na foto com um bando de terroristas na posse do presidente Iraniano, fala em negociação se tremendo como vara verde. Um imprestável, como bem percebeu a Janja da Silva.
Enquanto o governo brasileiro se mantém na fase de negação como viciado se desculpando, Trump avança e põe mais cunhas na relação com o Brasil. Já não é apenas perseguição à oposição e o cerceamento à liberdade, mas também a participação indireta do Brasil na guerra Russia-Ucrânia, do lado errado, ou seja, alimentando com dinheiro o governo russo em compra de petróleo. A OTAN olhou, viu e não gostou.
Acabou? Não. O Trump botou a lupa e percebeu que tem mais a revelar, então ordenou uma investigação com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, sobre os ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA. No pente fino, até a rua 25 de março entrou na fita.
Parece bastante razoável a qualquer portador de dois neurônios funcionais que para cessarem os efeitos, removam-se as causas. Menos para o consórcio Lula-STF que governa o Brasil. Trump mostrou as causas – parágrafos um, dois e três da carta, justamente para que o Brasil aja e obtenha condições de negociar os efeitos. As duas primeiras são pré-requisitos. Basta que cessem a perseguição aos opositores, restabeleçam a normalidade democrática com uma anistia ampla e irrestrita, e restaurem a liberdade de expressão para que o debate público flua normalmente, e os números serão discutidos.
Ah, Valterlucio, mas isso é ataque à soberania brasileira. Não, porque do lado de lá trata-se de uma resposta ao ataque à soberania americana que o STF cometeu ao perseguir ilegalmente empresas e nacionais e residentes americanos. Desse ponto de vista, é um revide. Aliás, se o Brasil topar pagar a conta do autoritarismo, vá em frente, Trump não ameaçou invadir o STF. Quem não sabe brincar, não desce no play.
É preciso que compreendamos a gravidade do momento que vivemos nesta quadra de realinhamento geopolítico. Lula e seus sequazes resolveram desde o primeiro dia operar, com suporte do STF que “admira muito” o modelo chinês, no sentido de conduzir o Brasil para o lado antagônico aos EUA, seu aliado há 200 anos. As constantes declarações e atitudes, vide o antissemitismo e a fanfarronice dos BRICS com a proposta de desdolarização da economia mundial, pôs os americanos com disposição para a reação. Trump, com apoio do congresso americano, está botando o mundo inteiro para sentar-se e conversar, inclusive os inimigos. A hora não é de peitar o gigante.
Aliás, é bom lembrarmos que nós vendemos pouco mais de 1% do que os EUA compram e compramos dos EUA 16% de tudo que o mundo nos vende. Além disso, o PIB americano é 12 vezes o nosso. Somos um aliado político importante, mas, comercialmente, a nossa relevância abarca apenas alguns setores.
Atentem. O que Trump está dizendo é que basta. Os EUA não permitirão a venezuelização do Brasil. Essa estratégia copiada do vizinho de tornar inelegíveis os adversários, de calar a oposição na mídia, de comprar o parlamento, de dominar e distorcer o processo eleitoral, de prender adversários em processos malsãos e correr para os braços vermelhos do outro lado do mundo, não ocorrerá contando com a inércia americana. Os EUA têm meios para QUEBRAREM o Brasil em uma semana. Por enquanto, mostraram as garras, os dentes vêm depois.
Tá, e Jair Bolsonaro com isso? Nada. Embora seja citado frequentemente pelo Trump, a motivação não é Bolsonaro especificamente, mas a perseguição aos opositores, o soterramento da democracia. Bolsonaro é apenas o cara da vez. Se fosse Zé ou Joaquim daria no mesmo. Lembram do venezuelano Caprilles? Juan Guaidó? Maria Corina? Corina Yoris? Pois é. Todos eles foram perseguidos pelo Maduro e, momentaneamente, referenciados pelos EUA. Assim como na Venezuela, não se trata do personagem, mas da perseguição aos opositores, do abandono à democracia liberal e do alinhamento com ditaduras.
Não sendo causa, Jair Bolsonaro não pode fazer nada quanto aos efeitos, além de torcer para que o STF, o Parlamento e o Executivo tenham juízo. O momento que vivemos é um dos mais críticos da história brasileira e a bola está com o consórcio que nos governa. Esperemos que seja devolvida redonda antes do apito final.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWSe, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.