O cenário político no mundo todo está sendo palco de um fenômeno perigoso – a desumanização do adversário, a sua transformação de ser em objeto e, por causa disso, passível de eliminação “sem culpa”. E, creiam, não é o acaso, é uma estratégia bastante conhecida e recorrente, que não se limita a criticar ideias ou propostas, mas busca despojar o oponente de sua humanidade, transformando-o em um ser inferior, uma ameaça ou um símbolo de tudo que é ruim. Ao fazer isso, criam uma licença moral para o ódio, a violência e a exclusão, desgastando os pilares da democracia e do debate civilizado.
A desumanização, portanto, não é um mero insulto, é um processo político que se desenrola em etapas, com consequências devastadoras. Quando a esquerda, amparada pela mídia, saca a qualquer momento os insultos “fascista”, “genocida”, “extremista”, “golpista”, está emitindo sinais de autorização para ataques violentos.
A primeira etapa desse processo é a criação de uma polarização radical. O mundo é dividido entre “nós” e “eles”. “Nós” representamos a bondade, a verdade, a pátria, a moralidade, enquanto “eles” são a encarnação do mal, da traição, da corrupção ou de uma ideologia perigosa. Busque-se os discursos de Lula desde o sindicato e vocês verão que já estava ali o germe da polarização que ele mesmo exacerbou recentemente e hoje parece insolúvel.
Essa dicotomia simplista ignora a complexidade da vida política e social, transformando a discordância em uma batalha existencial. A partir desse ponto, qualquer ação do “outro” é automaticamente interpretada sob uma luz negativa, pois sua própria existência é vista como uma ameaça. Por isso é que Lula e o PT foram contra a Constituição Federal de 1988, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e mais recentemente contra a Reforma da Previdência. É a operação SOU DO CONTRA independentemente da virtude do fato.
Entendamos que a linguagem se torna, nesta fase, a principal arma. Metáforas e comparações que reduzem o adversário a algo não-humano são empregadas de forma sistemática. Essa linguagem, em vez de se dirigir a argumentos, ataca a dignidade, a inteligência e a moralidade do indivíduo. A desumanização linguística é um processo gradual, começa com rótulos e, com o tempo, a retórica se intensifica. A repetição dessas imagens pejorativas faz com que o público internalize a ideia de que o oponente não merece respeito, empatia ou mesmo os direitos básicos. Percebem que a Gleisi Hoffman e outros líderes da esquerda só se referem ao Bolsonaro por termos degradantes? É disso que se trata, da normalização de um ente não-humano no lugar daquele opositor.
A consequência imediata da desumanização é a justificação do ódio e da violência. Se o adversário não é humano, então os princípios de respeito e direitos humanos não se aplicam a ele. Isso cria um ambiente em que a violência verbal se torna comum e a agressão física passa a ser vista como uma resposta aceitável. A história está repleta de exemplos trágicos que ilustram essa progressão. No Brasil, toda semana temos notícia de professores e palestrantes sendo agredidos em sala de aula e auditórios, pela turba da esquerda que não permite qualquer debate que questione algum dos seus dogmas modernos.
Na Revolução Russa de 1917, liderada pelos bolcheviques, opositores de outros partidos, como os socialistas-revolucionários e os mencheviques, foram rapidamente marginalizados, presos e, em muitos casos, executados. Eram denominados “os inimigos do povo”. A partir daí poderiam ser alvo de perseguição brutal e indiscriminada. Sobre isso leiam sobre o chamado “Grande Expurgo” (1936-1938).
Mais tarde, Hitler usou a mesma estratégia contra os judeus que eram retratados não como seres humanos, mas como “parasitas” que infestavam a nação alemã, como “ratos” que precisavam ser erradicados. Essa linguagem não era apenas figurativa; ela preparou o terreno para a perseguição, o confinamento em guetos e, por fim, o extermínio em massa.
Recentemente, em conflitos étnicos e civis, a desumanização também foi uma ferramenta crucial. No genocídio de Ruanda, os tutsis foram rotulados como “baratas” pela mídia e por líderes extremistas, o que facilitou a incitação à violência e o assassinato de centenas de milhares de pessoas. Ao reduzir o grupo a uma espécie de inseto, os agressores justificaram a brutalidade e a falta de empatia, pois não estavam exterminando seres humanos, mas pragas.
É assim que essa gente induz nas pessoas radicalizadas o desejo e, por vezes, a decisão de agir violentamente, como nos casos da facada em Bolsonaro, o tiro em Trump nos EUA, o assassinato de Fernando Villavicencio no Equador, o assassinato de Miguel Uribe na Colômbia e, nesta quinta-feira, de Charlie Kirk nos EUA. Seus assassinos não se posicionaram contra um pai de família, um representante do povo, um defensor de ideias, mas de um isso ou aquilo que não merece viver.
A síntese é: Desumanize-o antes e estará, sem culpa, liquidando um não-humano. É claro que nem sempre está-se tratando de morte física, mas de cancelamentos, de humilhação pública e assim por diante. A pergunta que estamos autorizados a fazer é: “quem será a próxima vítima fatal da esquerda?”. Talvez o próprio Bolsonaro que muitos querem jogado na Papuda ou numa prisão qualquer para que morra em uma crise de saúde. Que tal o deputado Nikolas Ferreira que vem recebendo dezenas de ameaças frequentemente. Quem sabe?
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.