A grande mídia e as outras que comem da carne podre que ela oferece, certamente estará nesta quinta-feira dando nó na espinha para de algum modo ligar o maluco suicida da praça dos três poderes à direita e, quem sabe, até ao presidente Bolsonaro. A indecência dessa gente não tem limites, como já vimos outras vezes.
Até a hora que escrevo essas linhas, o que se sabe é que o sujeito viajou até o DF com o nítido objetivo de fazer aquele autoextermínio (assim denominou o policial em declaração após o evento), e para isto deixou mensagens claras em suas redes sociais.
O que temos até agora é o seguinte:
– O tal Wanderley disse ao filho que ia viajar
– Saiu de Santa Catarina e se hospedou numa cidade satélite
– Tinha o carro cheio de fogos de artifício e os acionou no estacionamento da Câmara dos Deputados.
– Fantasiou-se de “Coringa”
– Jogou um explosivo e, depois, outro contra a estátua da Justiça
– Se deitou e acionou sob a cabeça outro artefato (segundo um vigilante do local)
– Uma mulher que testemunhou, diz que ao passar por ela na parada, cumprimentou-a, e ela viu quando o sujeito jogou algo contra a estátua e ouviu o barulho.
– Nas suas mídias sociais, as mensagens são claras – se suicidaria, fez mensagens de despedida.
– Em outra apontou possíveis artefatos que atingiriam Bonner, Sarney, Alckimin e FHC, sabe-se lá onde.
É claro que a canalha não deixaria de aproveitar-se do fato para gerar um “atentado”. Imagine-se que houve uma grande evolução entre o estilingue e os fogos de artifício. A “bomba” caseira sequer arranhou a estátua da justiça que, convenhamos, tem sido demolida a partir de outros atentados.
Rapidamente encontraram que o maluco foi candidato a vereador pelo PL em 2020, lá em sua cidadezinha – Rio do Sul e, com isto imediatamente gritaram É um Bolsonarista! Bolsonarista terrorista! Ora, ora. O sujeito foi candidato quando o PL andava se esfregando com a esquerda, tanto que a coligação em Rio do Sul era com o PDT. Além disso, Bolsonaro apenas se filiou ao PL em finais de 2021, bem depois, portanto, da candidatura do abestalhado.
Um de seus posts recentes (figura acima) contém uma clara mensagem de angústia com a polarização. Queria Lula e Bolsonaro afastados da política, logo, dizer que se tratava de um “bolsonarista” é leviandade e servilismo ao Sistema para dizer o mínimo.
Bem estes são os fatos sabidos até este momento. Penso que se trata, como os acontecimentos levam a crer, de um surto de alguém que congestionado de informações que não conseguia compreender ou deslindar, resolveu imolar-se em um “ato heroico” na capital da república, mais precisamente em frente à estátua da justiça como a dizer que ela não está sendo exercida.
Diferentemente daquele que executou a tentativa de assassinato contra Bolsonaro, esfaqueando-o, este queria morrer, entendia o ato como umsacrifício patriótico, chamou a atenção do Brasil como quem dá um último grito “Chega, não aguento mais”.
Obviamente, gente saudável não costuma transformar sua angústia social e política em psicose ao ponto de tirar a própria vida espetacularmente na ilusão de heroísmo, entretanto, faz mais sentido do que aquela versão farsesca de que o Adélio fez tudo sozinho e é doido varrido. Façamos o roteiro daquele e encontraremos, aí sim, todos os elementos para um atentado político, planejado e executado de forma psicologicamente saudável.
Seguramente, os membros do STF, que não tem nada a ver com a história, sairão na “defesa da democracia”, forçando a hermenêutica para encontrar no caso um atentado à ordem democrática. Se o estilingue já foi dado como arma de guerra, imagine um rojão. Talvez até usem o coitado para endurecer ainda mais contra os presos políticos de 8 de janeiro. Talvez a canalha no parlamento decida jogar pras calendas o PL da anistia. Talvez o maluco tenha feito uma grandíssima merda e oferecido um cadáver para o pastejo da tirania. De todo modo, que descanse em paz no lugar reservado aos loucos.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com.